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Filipa Matos

Sempre gostei de imaginar que de uma vida se deveria fazer pelo menos um livro ou então um álbum de recortes ou fotografias.

A noite resgata ainda os últimos raios de sol para que se possa encontrar na escuridão.

Gajo bom que escreve crónicas, conquista-nos sempre pela sua vulnerabilidade.

Crónica de uma guerra anunciada com dia marcado, por Filipa Matos.

Lembro-me de ter adormecido no pós-modernismo. Lembro-me tão bem… Mas quando acordei, dei por mim na hipermodernidade.

A discriminação só se pode compreender quando passamos por ela? Ou a discriminação está fadada a ser sentida por aqueles que sempre observaram a sua existência? Por quem observa. Como ignorar o grande monstro de que fazemos parte, uma vez observado?

É difícil manter a inspiração e a inocência quando tudo à nossa volta parece concorrer para mais um inevitável ciclo hegeliano da história.

Olhamos para a tecnologia com a esperança que nos ajude a sermos cada vez mais nós próprios, mas é a tecnologia que cada vez mais redesenha a forma como pensamos e sentimos.

A placa azul e branca sobressaía no meio dos azulejos que contavam a história da pequena terra onde cheguei pela primeira vez.

[sentados uma última vez] E quantos não se terão sentado aqui antes de nós? De caneta na mão, dedo no ar e folha vazia. [na mesa, na máquina de escrever ou no ecrã] 2020 à janela.