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“Tomando as Paredes” encheu a sala no MAEDS

Escrito por em 14/04/2025

Cerca de quatro dezenas de pessoas assistiram à iniciativa “Tomando as Paredes – 50 Anos de Muralismo em Setúbal”, promovida pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), na tarde de sábado, dia 12, nas suas instalações.

Fruto de uma parceria do Museu de Arqueologia com o Monte de Letras, a sessão combinou uma apresentação que recuperou mais de meia centena de murais pintados na cidade entre 1974 e 2024 com a criação de três novas obras.

Pautada por uma viva interação com os espectadores, a apresentação esteve a cargo de Helena de Sousa Freitas e Luís Humberto Teixeira, do projeto “Histórias que as Paredes Contam”, que desde Setembro de 2023 vem assinalando os 50 anos da Revolução dos Cravos com palestras, exposições e a criação de novos murais na cidade.

“A iniciativa permitiu recordar murais pintados por diversas forças partidárias, algumas das quais já extintas, mas também por sindicatos, trabalhadores fabris e colectivos libertários, e viajar por lutas travadas no tempo pela população de Setúbal, fosse contra o encerramento de fábricas, de oposição à co-incineração ou de contestação ao designado ‘turismo de luxo’ em Tróia”, descreveu Helena de Sousa Freitas, coordenadora do “Histórias que as Paredes Contam”.

Por seu lado, Luís Humberto Teixeira, que codinamizou esta revisitação das narrativas que, década após década, a malha urbana vai divulgando, destacou “a intensa participação das pessoas presentes, muitas das quais alinharam na proposta de identificar onde haviam sido pintados alguns dos murais que as imagens documentavam, percebendo, aí, o quão difícil é, por vezes, localizar estas obras a partir do momento em que desaparecem de um espaço público em constante mutação”.

A sessão no MAEDS, que constituiu a resposta do “Histórias que as Paredes Contam” a um desafio lançado pelo Museu no âmbito das celebrações municipais do cinquentenário, incluiu ainda a execução de uma obra concebida por Joaquim Coelho, que abordou o impacto do fascismo na sociedade, e outras duas idealizadas pelas estudantes de artes visuais Ana Beatriz Ulbrich, que se focou na conquista de direitos por parte das mulheres, e Maria Leonor Costa, que escolheu retratar o longo caminho da liberdade.

Joaquim Coelho, no ativo desde os tempos do PSR e que mais recentemente tem pintado pela Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina (PUSP), executou o seu mural sozinho, enquanto as obras de Ana Beatriz Ulbrich e Maria Leonor Costa resultaram de um empenho colectivo, pois ambas contaram com a participação de outros jovens e de alguns adultos presentes na sala.

“Tanto o Joaquim como a Ana Beatriz e a Maria Leonor tinham já colaborado com o ‘Histórias que as Paredes Contam’, e este regresso, com a sua visão do passado e do presente, é muito bem-vindo”, assinalou a dupla responsável pelo projecto, revelando que os trabalhos recém-elaborados podem ser apreciados no MAEDS a partir desta semana.

Iniciado a 5 de setembro de 2023 com a presença, na cidade, do artista plástico e muralista chileno Alejandro ‘Mono’ González, o “Histórias que as Paredes Contam” soma a pintura de seis murais, um ciclo de cinco conversas temáticas sobre muralismo e quatro mostras fotográficas: duas realizadas em Setúbal, uma em Belgrado, capital da Sérvia, e outra em Belfast, capital da Irlanda do Norte.

Com chancela do Monte de Letras e incluído no Programa das Comemorações Nacionais dos 50 anos do 25 de Abril, o projecto deve o nome à tese de doutoramento que Helena Freitas defendeu no ISCTE-IUL em 2019, e tem por parceiros a Câmara Municipal de Setúbal, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Associação dos Municípios da Região de Setúbal, juntas de freguesia do concelho, a União Setubalense e a Associação Cultural Festroia.