Faixa Atual

Título

Artista

Background

CLIT 2024 arranca com lotação esgotada

Escrito por em 16/12/2024

O festival CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários arrancou no passado sábado com a Sala de Eventos da Loja da Horta de Setúbal lotada de espectadores interessados em assistir ao multipremiado “Carne: a pegada insustentável”.

A longa-metragem documental, realizada por Hugo de Almeida, que esteve presente na sessão, e produzida pelo ex-deputado europeu Francisco Guerreiro, suscitou amplo debate entre os presentes. “Tivemos de dedicar quase tanto tempo à sessão de perguntas e respostas com a realizador como à exibição do documentário, o que é revelador do interesse que o tema desperta”, revela o diretor do festival, Luís Humberto Teixeira.

Hugo de Almeida viu-se interpelado por elementos do público sobre os prós e contras da alimentação vegetariana e vegana, já que esta constitui um tópico fulcral da sua obra, bem como sobre as políticas que estão a ser desenvolvidas no sentido de acelerar ou retardar uma transição pela qual cada vez mais demonstram uma cada vez maior curiosidade.

Foi igualmente questionado acerca do processo de realização de “Carne”, experiência que o levou da França ao Líbano, passando pela Bélgica e o Reino Unido, onde o jornalista e ativista ambiental George Monbiot abordou a relação entre o consumo de carne e as alterações climáticas.

“Nesta área, estamos perante um retrocesso na abertura e no avanço a que se vinha assistindo, em grande medida fruto de alterações na composição do parlamento”, opinou o realizador, para quem “ninguém deve ser forçado a mudar de dieta, mas convidado a fazê-lo”, uma vez que a alimentação “está associada a memórias e a outros aspetos emocionais poderosos que não podem ser ignorados”.

O CLIT prosseguiu no domingo, com sessões de cinema na Igreja de São Sebastião, onde espectadores de todas as idades puderam escolher, a partir de um menu com vinte curtas-metragens, quais desejavam ver e por que ordem, e na Casa do Largo, onde foram exibidas a curta russa “Vira-lata” e a longa-metragem bósnia “Quando o Pai Natal era comunista”.

Na sessão na Igreja de São Sebastião esteve presente a realizadora húngara Kati Egely, autora da animação “Como o caracol”, e à Casa do Largo deslocou-se Aliya Pogorelskaya, para falar sobre a produção e os objetivos de “Vira-lata”, trabalho centrado no abandono de animais.

O festival teve continuidade na segunda-feira, dia em que dedicou a sua programação aos direitos das mulheres com a projeção de um conjunto de curtas-metragens na ESE-IPS, e a apresentação do impactante documentário brasileiro “Incompatível com a Vida” na Igreja do Coração de Maria.

Terça-feira, dia em que o CLIT se despede de Setúbal, há nova sessão às 15h25, desta feita na Escola Sebastião da Gama, onde comparecerão os realizadores de duas delas: Pedro Augusto Almeida, que assina “Amoreiras”, e Sergej Sepetkovski, que voou da Sérvia para apresentar em Setúbal a sua obra de estreia, “Pivô”. As duas curtas têm em comum o desporto, que é também o tema de “O vencedor”, trabalho do realizador iraniano Ali Keyvan que abre esta tarde de cinema.

Para o fim da tarde, às 18h30, está programado um “Descobre-o”, que visa levar o público a interpretar as pistas para dar com o espaço de visionamento, onde será exibida a curta-metragem italiana “A primeira vez: instruções de uso”, de Lorenzo Trane, e a comédia húngara “Engate”.

Esta primeira obra de Rozália Szeleczki conta a história de Fáni, uma arquiteta de 30 anos que se apaixona pelo gato preto do vizinho, o qual fala com ela e quer fazer carreira na música. Deixamos já aqui uma pista: “O gato preto no telhado está a dirigir-se para o local da projeção para ver Fáni. Ele sabe que existe uma sala de cinema ao cimo das escadas, e áreas insonorizadas para tocar música no último andar.

O festival termina na quarta-feira, Dia Internacional do Migrante, com uma viagem para o concelho de Montemor-o-Novo, onde, às 15h00, a Herdade do Freixo do Meio acolhe uma série de curtas sobre as “Consequências da destruição da floresta tropical”, de Leo Rey e Toby Mory (Alemanha), e o documentário “Do lixo ao tesouro”, no qual a brasileira Iara Lee divulga histórias de transformação social e ecológica no pequeno estado africano do Lesoto.

Às 18h30, o festival encerra no Espaço Integral da Cooperativa Minga, com a irónica curta “Ao fresco”, do catalão Ignácio Rodó; a média-metragem “A terra em que pisar”, do brasileiro Fáuston da Silva, e “Das barracas à dignidade“, uma reflexão sobre o direito à habitação na qual histórias de vida de moradores do bairro do Grito do Povo, em Setúbal, se fundem com o processo artístico da performance que habitou as ruas do bairro em abril de 2024. A obra deve a génese ao realizador setubalense Leonardo da Silva, que comparecerá à projeção para uma conversa com a audiência.

Organizado pela Associação Cultural Festroia e pelo Monte de Letras, o CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários tem como parceiros desta quarta edição a Cores Vertiginosas, a Diocese de Setúbal, a Câmara Municipal de Setúbal, a Biofrade, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Escola Secundária Sebastião da Gama, o Montado do Freixo do Meio e a Cooperativa Integral Minga. Todas as sessões do festival são de acesso livre e gratuito.

Marcado como