Festival de cinema Curt’Arruda celebra 10 anos
Escrito por TunetRádio em 11/10/2024
A edição comemorativa dos 10 anos do Curt’Arruda, o “festival de cinema rural mais urbano de Portugal”, arrancou na quarta-feira em Arruda dos Vinhos e prossegue até domingo, com 64 filmes, 11 dos quais em competição, e as atuações, na sexta-feira, dos leirienses First Breath After Coma e Sfistikated.
A primeira sessão competitiva do Curt’Arruda 2024 inclui os documentários “Volta a Riaño”, de Miriam Martín (Espanha, 2023), “Ultimate Bliss”, de Miguel de Jesus (Austrália, Portugal, 2022), “Quando a Terra Foge”, de Frederico Lobo (Portugal, 2024) e “Catraias”, de Tânia Dinis (Portugal, 2023) e tem exibição às 21:30, de 11 de outubro.
“Volta a Riaño” propõe “imagens em movimento filmadas em terra contrapostas a imagens em movimento filmadas do céu. As palavras de mulheres, homens e crianças contrapostas a discursos oficiais. Pessoas que não se querem mudar, “tal como os pinheiros na margem do rio”. Um vale transformado num reservatório. Uma luta de classes enterrada… e submersa”.
“Ultimate Bliss” debate-se com a distância de um “planeta inteiro, 17990 quilómetros. Um filme-diário e um exercício de memória, sobre um futuro que tem tanto de remoto como de selvagem.”
“Quando a Terra Foge” acompanha “um pastor em busca de uma vaca tresmalhada, entre o nevoeiro, num pleno labirinto do tempo, onde máquinas sondam as profundezas geológicas da montanha, com a infância a encontrar o seu regresso. A Serra transforma-se, o ciclo continua”.
“Catraias” é “um filme-ensaio que combina o carácter ficcional e documental. Uma reinterpretação livre de registos íntimos, fugazes, subtis, e o confronto com os mesmos, numa etnografia de interior, que parte das memórias, das histórias de duas mulheres que fizeram do mar a sua vida. Ou a vida, que se transformou em mar”.
Sábado, 12, também às 21:30, são exibidas as curtas “Retrato de Família”, de Lea Vidakovic (Croácia, França, 2023, animação), “Relato de Xerém”, de Ninah Nogino (Brasil, 2024, documentário experimental), “Natureza Humana”, de Mónica Lima, (Portugal, Alemanha, 2023, ficção) e “A Árvore dos Limões”, de Rachel Walden (EUA, 2023, ficção).
Na animação “Retrato de Família”, “à medida que a tensão austro-húngara entra em colapso, Andras e a sua filha são apanhados de surpresa pela visita do irmão de Andras, Zoltan. Este vem acompanhado da sua grande família”.
No documentário experimental “Relato de Xerém”, debatemo-nos com “uma avó de 97 anos que nunca beijou na boca. Nem nunca consentiu em nada, para sermos honestos. Enquanto isso, a juventude anda pelas ruas e pelo mato. Mistérios do amor e da sexualidade”.
Em “Natureza Humana” regressamos ao período do confinamento. “Num apartamento de uma cidade um dia expande-se entre o início da primavera e o fim do verão. Um casal vê os seus planos em começar uma família serem tomados por um sentimento de incerteza”.
Na curta “A Árvore dos Limões”, num “carnaval de Halloween, um jovem pai rouba o coelho de um mágico para impressionar o seu filho de dez anos. A emoção do pequeno furto rapidamente se transforma em realidade quando o menino fica encarregado de se proteger a si, o pai e o seu novo animal de estimação”.
Daniel Gorjão (director artístico e programador), Inês Gil (realizadora e professora) e Ricardo Ribeiro (músico e livreiro) compõem o painel de jurados do prémio Curt’Arruda.
Na sempre concorrida e geralmente esgotada sessão competitiva dedicada aos filmes produzidos localmente Film’Arruda (Troféu Joel Rodrigues) será possível ver, domingo, 13, às 17:30, as curtas documentais “Cuidar Como Casa”, de Gabriel Ibraimo de Miranda e Eunice Parsotamo Ibraimo (Portugal, 2024), “Tracadinho d’Arruda”, de Raquel Augusto (Portugal, 2024) e “O Carismático”, de Rui Correia (Portugal, 2024). Fora de competição serão exibidos as curtas “A Luta Pelo Trono” e a “A Luta Pelo Trono II – A Nova Era”, pelos jovens que participaram no Clube do Cinema em 2022 e 2023.
No mesmo horário, no sábado, 12, o festival propõe uma espreitadela pelo retrovisor para a visualização de diversas curtas exibidas ao longo dos anos na secção Film’Arruda. “Eterna Saudade”, de Susana Vale Lopes (Portugal, 2015), “Tortilla Me”, de Diogo Penedo (Portugal, 2017), “Mostro os Dentes”, de Helder Rodrigues e Rui Vieira (Portugal, 2017), “Histórias da Casa das Bonecas”, de Carolina Roque Ribeiro (Portugal, 2018), “A Bruxa da Arruda”, de Filipa Gonçalves Seabra (Portugal, 2024), “Dário Lendário”, de Ricardo Baioneta (Portugal, 2023), “Nas Entrelinhas do Medo”, de Ema Lousada (Portugal, 2023) e “Por Um Trago de Bagaço”, de Rui Correia (Portugal, 2023), integram a sessão 10 Anos a Filmar Arruda.
A Sessão da Bruxa tem sempre um salutar culto no contexto do Curt’Arruda. Na noite de sábado para domingo, às 00:00, serão apresentados os filmes “A Raiva”, de Alberto Díaz (Espanha, 2022), “São Pardos”, de Carlos Llaó (Espanha, 2023), “Why Are You Image Plus?”, de Diogo Baldaia (Portugal, 2023), “Morning Shadows”, de Rita Cruchinho Neves (Portugal, 2023), e “Glute”, de Victor Ruprich-Robert (Bélgica, 2024).
Em modo de celebração, em 2024 o festival ganhou dois dias, quarta e quinta-feira, com duas mostras de cinema que incluíram os filmes “Fár”, de Gunnur Martinsdóttir Schlüter (Islândia, 2023), “Na Sala de Espera”, de Moatasem Taha (Egito, Palestina, 2023), “Nada de Tudo Isto”, de Francisco Canton e Pato Martinez (Argentina, Espanha, EUA, 2023), “Superduper Megagigasingel”, de Håkon Anton Olavsen (Noruega, 2022), na quarta-feira, e “A Quadratura do Círculo”, de Hanna Hovitie (Finlândia, 2023), “Oneluv”, de Varya Yakovleva (Rússia, 2022), “Intelligence”, de Jeanne Frenkel e Cosme Castro (França, 2023), e “Mesa Posta”, de Beatriz de Sousa (Portugal, 2022), na quinta-feira.
As mostras continuam nos dias 12 e 13 de outubro, às 15:30, com a exibição de “Dammi”, de Yann Mounir Demange (França, 2023), “Uma Promessa Ao Mar”, de Hend Sohail (Egito, 2024), “Tskaltubo”, de Toby Andris (Geórgia, 2022), e “Flores de Outro Jardim”, de Jorge Cadena (Suíça, Colômbia, 2022), no sábado, e “Terras Cinzentas”, de Charlotte Waltert e Alvaro Schoeck (Suíça, 2023), “Fagulhas Na Escuridão”, de Vladislav Emelin (Rússia, 2024), “O Mar Vermelho Faz-me Querer Chorar”, de Faris Alrjoob (Jordânia, 2023), “Box Cutters”, de Naomi Van Niekerk (França, Países Baixos, África do Sul, 2023), no domingo.
O Curt’Arruda conta ainda com as sessões Em Família – domingo, 13, às 11:30, com as animações “Ana Morphose”, de João Rodrigues (Portugal, 2023), “Em Toda a Parte”, de Tommy NG e Step C. (Hong-Kong, 2022), “São Só Diabretes”, dos alunos do 6º e 9º ano da Escola Básica Maria Pais Ribeiro (Portugal, 2023), “Caindo”, de Carlos Navarro (Espanha, 2024), e “Ser Pássaro Ou Não Ser”, de Martín Romero (Espanha, 2023) -, Escolas 9.º Ano, Escolas Ensino Básico, Escolas Secundário EJAF e Ensino Profissional EPGE, e Escolas Universidade das Gerações, evidenciando a transversalidade do festival de cinema.
Depois de terem atuado na primeira edição do Curt’Arruda, em 2014, os First Breath After Coma regressam ao festival no dia 11 de outubro, a partir das 23:30. Com três discos editados (“The Misadventures of Anthony Knivet”, “Drifter”, “Nu”, um disco ao vivo com a Banda de Música de Mateus e a Banda Sonora Original para “Covilhã Industrial, Pitoresca e Seus Arredores”) e quatro digressões europeias, a banda de Leiria marcou presença nos festivais Primavera Sound, Paredes de Coura e Bons Sons. Discos “intensos e cinematográficos” e concertos “explosivos” têm garantido aos First Breath After Coma um “culto assinalável dentro e fora de portas”.
Após o concerto, a ‘pista’ abre ao som da dupla Sfistikated (João Marques, dos First Breath After Coma, e Roberto Oliveira, dos Whales, que também já atuaram no Curt’Arruda). “Perpetual Motion”, o disco de estreia, dispara “gulosas” batidas experimentais que contaram com a colaboração de Muco, Justin Christopher, Teddy Trillion, Vaarwell, Enrique Escobvr e Tenant.
As sessões do Curt’Arruda são gratuitas para os menores de 16 anos. Os restantes pagam 3 euros por sessão, 30 euros pelo passe de três dias e 6 euros pelo concerto dos First Breath After Coma e pela atuação dos Sfistikated (2, 15 e 4 euros, respetivamente, se forem sócios da associação Cultura deGrau, que organiza o festival). Mais informações sobre o programa podem ser consultadas em Curtarruda.pt.