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Slow J e Calema vencem prémios Play

Escrito por em 18/05/2024

Os ausentes (da cerimónia) Slow J e Calema foram os principais vencedores dos prémios Play 2024. O primeiro receberá em casa os troféus de Melhor Artista Masculino e de Melhor Álbum para a Crítica (“Afro Fado”) e os segundos os prémios de Melhor Grupo e de Canção do Ano (“Maria Joana”, a dividir com Nuno Ribeiro e Mariza).

Nas palavras do justíssimo homenageado com o prémio Carreira, o maestro António Victorino d’Almeida, o “mais importante coliseu do mundo”, o dos Recreios, em Lisboa, foi palco da cerimónia de entrega dos prémios Play.

Com alguma injustiça, dado que LEO2745 (Leandro Tavares) está longe de ser uma “revelação” em 2024, o artista levou para Queluz-Belas o troféu de Artista Revelação (deixando pelo “caminho” nomes como Ana Lua Caiano, Expresso Transatlântico ou Jüra).

Outra surpresa foi T-Rex, com o curioso “Cor D’Água”, ter saído do Coliseu dos Recreios com o prémio de Melhor Álbum (“Afro Fado”, de Slow J, “Portuguesa”, de Carminho ou mesmo “Vida”, Jorge Palma são álbuns bem mais “superlativos”). No entanto, há que dizê-lo com frontalidade, o discurso de improviso de T-Rex foi o melhor da noite.

A Garota Não, Ana Moura e Carminho viram o prémio de Melhor Artista Feminina ser entregue a Bárbara Bandeira. Recebeu o pai, Rui Bandeira, com palavras acutilantes, escritas pela filha, sobre a indústria da música em Portugal. Uma agradável surpresa.

Outros discursos de relevo foram os de André Caniços e Pedro Mafama, ao vencerem o Melhor Vídeo com “Estrada”, Mário Costa ao ganhar o Melhor Álbum Jazz com “Chromosome” e António Pinho Vargas ao vencer o Melhor Álbum de Música Clássica e Erudita com “Lamentos”.

Inês Lopes Gonçalves, profundamente conhecedora do meio musical, Filomena Cautela, a melhor apresentora portuguesa da sua geração, e Tiago Ribeiro, um dos melhores radialistas da atualidade (mais uma vez na voz off da cerimónia), conduziram, com brilho, uma cerimónia que caso fosse libertada das amarras das principais editoras portuguesas poderia chegar muito mais longe.

Não há dúvida que a música portuguesa ou lusófona merece uma cerimónia anual de atribuição de prémios. Mas a mesma deverá ser mais isenta (até os MTV VMA ou EMA e os Grammy se riram) e com momentos musicais de maior qualidade e originalidade (e não uma “pescadinha de rabo na boca”, como “Maria Joana”, de Nuno Ribeiro, Calema e Mariza, tema apresentado nos Play de 2023 e que vence a Melhor Canção em 2024).

E mesmo a RTP não pode dizer que sim a tudo o que a Vodafone, o patrocinador, propõe. A filmagem ao alto da Jüra (na fotografia de capa) no início da emissão foi algo atroz, num daqueles momentos que nos fazem mudar automaticamente de canal. O 5G da Vodafone vale por si e não precisa de “truques baixos” (e mal executados). E logo a Jüra, que não chocaria ninguém se ganhasse o prémio de artista revelação e que preparou um simpático medley com os temas “Coração”, “Milagre” e “Avidadá”. Ora vejam.

Felizmente o maestro António Victorino D’Almeida salvou a noite com simplicidade, qualidade e um discurso assertivo.

“Fama de Alfama” e “Saudades trago comigo” nas vozes de Camané e Ricardo Ribeiro e nos pianos de Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva, o projeto Duas Vozes Quatro Mãos, foi outro dos momentos escorreitos da noite.

Pedro Mafama convidou o Grupo Coral Paz e Unidade de Alcáçovas e La Família Gitana para uma interpretação sui generis de “Sem Ti”.

Nos 30 anos do álbum “Viagens”, Pedro Abrunhosa e Diogo Piçarra tentaram não assassinar “Tudo o Que Eu Te Dou”, derradeiro tema do icónico álbum de estreia do músico portuense. A pergunta que se impõe é se terão conseguido. De seguida interpretaram “Amor de Ferro” (candidato automático a “Canção do Ano” nos Play 2025, leram aqui primeiro…). Abrunhosa ainda voltaria ao palco para deixar críticas inspiradas a Israel.

Dada a mediocridade dos restantes momentos musicais, o escriba abstém-se de os comentar. O selecionador nacional Roberto Martínez fez um cameo na cerimónia, onde deu uma “bofetada virtual de luva branca” em certas individualidades do futebol que não “praticam o português”.

No plano dos mais impreparados apresentadores de prémios da noite o galardão devia ser entregue a Profjam e a Neyna, nem o teleponto lhes valeu, credo.

Nos antípodas, espontâneos e carismáticos, Lura e Leo Middea estiveram inspiradíssimos. De tal modo que no final se esqueceram de deixar o microfone para Miguel Oliveira, representante da Sony Music e de Dennis, MC Kevin o Chris, agradecer o Prémio Lusofonia.

Por fim, Ricardo Toscano e Sílvia Alberto, na apresentação do Melhor Álbum Jazz, levaram a produção a “arrancar cabelos” com um inesperado e prolongado atraso após o anúncio dos seus nomes pelo off de Tiago Ribeiro. Ninguém merece.

Os prémios Play regressam em 2025. Que lhes sejam permitidos outros voos da parte de todos os “players” envolvidos.

PALMARÉS PRÉMIOS PLAY 2024

Melhor Álbum Fado
“Terra que Vale o Céu”, de Ricardo Ribeiro (vencedor)
“Bela Ensemble”, de Bela Ensemble
“Mãe”, de Cristina Branco
“O Abraço da Guitarra”, de António Chainho

Melhor Artista Feminina
Bárbara Bandeira (vencedora)
A Garota Não
Ana Moura
Carminho

Melhor Artista Masculino
Slow J (vencedor)
Ivandro
Pedro Mafama
T-Rex

Melhor Álbum Jazz
“Chromosome”, de Mário Costa (vencedor)
“Hexagon”, de Axes
“Playing with Beethoven”, de Carlos Bica
“The River”, de João Paulo Esteves da Silva Trio

Melhor Grupo
Calema (vencedor)
D.A.M.A
Os Quatro e Meia
Wet Bed Gang

Prémio Lusofonia
“Tá OK”, de Dennis, MC Kevin o Chris (vencedor)
“Chico”, de Luísa Sonza
“Conexões de Máfia”, de Matuê ft Rich The Kid
“Perfeita”, de Giulia Be

Melhor Vídeo
“Estrada”, de Pedro Mafama, realizado por André Caniços (vencedor)
“Escura Noite”, de Peculiar, realizado por Maria Beatriz Castelo
“Fim do Nada”, de Mizzy Miles ft T-Rex & Zara G, realizado por XZ
“Ressaca Bailada”, de Expresso Transatlântico, realizado por Sebastião Varela

Artista Revelação
LEO2745 (vencedor)
Ana Lua Caiano
Expresso Transatlântico
Jüra

Prémio de Música Ligeira e Popular
“Recomeçar”, de Sons do Minho (vencedor)
“Meu coração de cowboy apaixonado”, de Zé Amaro
“Sapato Apertado”, de Bandalusa
“Vamos ò Baile”, de José Malhoa

Melhor Álbum de Música Clássica e Erudita
“Lamentos”, de António Pinho Vargas (vencedor)
“Celebrando Nella Maíssa, Helena Sá e Costa & Olga Prats”, de Trio de Damas
“Folia Nova”, de Sete Lágrimas
“Windsor Project”, de Ricardo Pires

Melhor Álbum
“Cor d’Água”, de T-Rex (vencedor)
“Afro Fado”, de Slow J
“Portuguesa”, de Carminho
“Vida”, de Jorge Palma

Prémio Crítica
“Afro Fado”, de Slow J

Prémio Carreira
António Victorino d’Almeida

Vodafone Canção do Ano
“Maria Joana”, de Nuno Ribeiro, Calema e Mariza
“Chakras”, de Ivandro ft Julinho KSD
“Chamada Não Atendida”, de Bárbara Tinoco
“Como Tu”, de Bárbara Bandeira ft Ivandro
“Preço Certo”, de Pedro Mafama
“Where U @”, de Slow J