Festival Monstra com 400 filmes até dia 17
Escrito por TunetRádio em 06/03/2024
A Irlanda é o país convidado no ano em que o tema “Liberdade de Expressão”, nos 50 anos do 25 de Abril, atravessa a programação da Monstra.
A decorrer no Cinema São Jorge, mas também na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no Cinema City Alvalade e no Cinema Fernando Lopes, a 23.ª edição do festival Monstra apresenta 398 filmes, dos quais se contam mais de 20 produções nacionais. Ao naipe “sempre rico e inovador do cinema animado que conquista gerações e abrange tantos países, juntam-se vários momentos imperdíveis de partilha e de conhecimento através de masterclasses, conversas, encontros e concertos”, avança a produção em nota de imprensa. Nesta programação “diversificada”, a Monstrinha também dá um ar de sua graça, com propostas “encantadoras”, destinadas aos mais novos e às famílias.
O arranque oficial dá-se na Cerimónia de Abertura, esta quinta-feira, pelas 21h30, na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, com as estreias mundiais das curtas-metragens portuguesas “A Menina com os Olhos Ocupados”, de André Carrilho (baseada no premiado livro do autor), e “Saudades… talvez”, de José-Manuel Barata Xavier. Outro momento “especial” é a evocação dos 50 anos do 25 de Abril a partir da exibição de “A Revolução” – um projecto global, criado por alunos de escolas nacionais e internacionais, com olhares tão distintos sobre o que significa uma revolução democrática -, e de “Esta é a Nossa História“, assinado por um coletivo de jovens sob alçada da Monstra e da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea. E ainda uma mostra especial da produção do país convidado, a Irlanda, “um fórum de criatividade e de grande desenvolvimento na arte da animação”, como sublinha o director artístico do festival, Fernando Galrito, com os filmes “Os Insectos”, de Jimmy T. Murakami, “Cuilin Dualach”, de Nora Twomey, e “Há um Monstro na Minha Cozinha”, de Tomm Moore e Fabian Erlinghäuser.
Por falar em cinema animado irlandês, “Wolfwalkers”, de Ross Stewart e Tomm Moore, é a primeira longa-metragem a ser exibida da retrospetiva dedicada ao estúdio mais representativo daquele país, o Cartoon Saloon, para ver na sexta-feira, na sala nobre do Cinema São Jorge. Ao mesmo tempo, noutra ponta da cidade, nomeadamente no Cinema City Alvalade, é projectado “Mars Express”, do realizador francês Jérémie Périn – uma sessão que integra o programa Festa da Francofonia e uma das longas da Competição Perspetivas.
No sábado, a Monstrinha revela, em ante-estreia , um episódio da série animada da RTP “O Diário de Alice”, de Diogo Viegas, no São Jorge. O epicentro do festival recebe ainda uma retrospectiva de curtas do Cartoon Saloon e o debut da secção ArchAnim, dedicada à simbiose entre a animação e a arquitetura, onde se destaca a estreia absoluta de “Eduardo, Walter e Leonidov”, de Miguel Pires de Matos. Também a 9 de março, mas em Alvalade, faz-se uma homenagem a outro ilustre irlandês, Don Bluth, com o clássico “Em Busca do Vale Encantado”, e, na Cinemateca, mais uma importante referência do Cartoon Saloon: “A Canção do Mar”, de Tomm Moore.
Mantendo os “pés assentes” na Irlanda, no domingo de manhã, entra em cena “Brendan e o Mundo Secreto de Kells”, da dupla Moore e Nora Twomey (fundadores do Cartoon Saloon). Pela tarde, será possível continuamos no Cinema São Jorge para assistir à sessão Pais e Filhos e à animação em stop motion “O Inventor”, de Jim Capobianco e Pierre-Luc Granjon, enquanto outra das obras icónicas de Don Bluth, “Todos os Cães Merecem o Céu”, invade o Cinema City Alvalade. A fechar o fim-de-semana, e de regresso ao São Jorge, a Monstra celebra os 20 anos da comédia estoniana “Frank & Wendy”, de Kaspar Jancis, Ülo Pikkov e Priit Tender.
Até quarta-feira, “há muito mais para descobrir” na 23.ª edição do festival. No dia 11, distinguem-se o primeiro episódio da segunda temporada da série de sucesso da Adult Swim, “Royal Crackers”, criada por Jason Ruiz e recentemente estreada na HBO Max, a estreia nacional de uma co-produção com a portuguesa Animanostra, “Mataram o Pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal (no dia seguinte, os realizadores espanhóis dirigem um colóquio no Instituto Cervantes), a sessão especial que festeja o meio século do histórico japonês “As Mil e Uma Noites”, de Eiichi Yamamoto, e os painéis que contemplam videojogos e realidade aumentada por um lado, e inteligência artificial na animação e na banda desenhada por outro. Dia 12 traz o candidato aos Óscares “Robot Dreams”, de Pablo Berger, “Escola de Arte 1994”, de Jian Liu, e curtas-metragens de Aidan Hickey, numa homenagem inserida na retrospetiva dedicada ao país do trevo da harpa e da música celta, sem esquecer a Monstra Summit, cujo assunto em cima da mesa é a liberdade de expressão na banda desenhada e na imagem em movimento, e a masterclass conduzida pelo mestre da animação José Xavier e também permeada pelo tema “Liberdade de Expressão”. A formação dada por Alê Abreu – autor de “O Menino e o Mundo” e “Perlimps”; a categoria experimental, “repleta de liberdade criativa”, intitulada Dia da Abstracção, que engloba uma masterclass sobre música visual, ciência e animação, complementada com a projecção de seis filmes realizados por mulheres, e um Best of Punto y Raya com a curadoria das directoras artísticas desse festival; e mais uma sessão da Competição Curtas, onde se evidencia o português “Sopa Fria”, de Marta Monteiro, são alguns dos destaques para 13 de março.
Sempre comprometida com o programa expositivo, a Monstra prossegue a sua parceria com o Museu da Marioneta. Este ano, e até 7 de abril, “Três Famílias” convida a uma viagem pelos bastidores e pelo trabalho minucioso de um trio de filmes sobre três famílias distintas de diferentes países europeus: Da Itália, “Interdito a Cães e Italianos” (Alain Ughetto), da Croácia, “O Retrato de Família” (Lea Vidaković), e de Portugal, “A cada dia que passa…” (Emanuel Nevado). Já o São Jorge reúne as exposições “Encontros Revolucionários Pré-25 de Abril de 1974, em espaços interiores”, pelos alunos da Escola Artística António Arroio, que criaram cenários para cinema de animação de locais onde decorriam reuniões clandestinas revolucionárias, e “Corre Liberdade, Corre”, também por jovens da mesma escola, que se estende à Cinemateca Portuguesa, através de 13 projectos/objetos que comemoram a Revolução de Abril.
A 23.ª edição da Monstra prolonga-se até 17 de março. No total, são 11 dias de festival e de celebração da arte que, como assinala Fernando Galrito, “é o elo mais forte de ligação entre os seres humanos e a expressão máxima da experimentação, inquietação e liberdade”. Os bilhetes encontram-se à venda nos balcões e sites do Cinema São Jorge, da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, do Cinema City Alvalade e do Cinema Fernando Lopes, e a programação completa está disponível para consulta em www.monstrafestival.com.