Festival CriaSons de regresso a Lisboa
Escrito por TunetRádio em 17/01/2024
Está de regresso o Festival CriaSons, um dos principais eventos nacionais dedicados à música erudita. Assumindo, desde 2011, a missão de promover e divulgar a criação contemporânea, o CriaSons aposta na reabilitação de um género performativo muito impactante para a cultura musical nacional da segunda metade do século XX: o Teatro-Música.
Na reabilitação do género performativo do Teatro-Música, o CriaSons fá- lo-á homenageando o seu arquétipo, Constança Capdeville (1937-1992), a compositora, pianista e pedagoga portuguesa responsável por cunhar esse termo, por vezes erroneamente confundido com a expressão teatro musical.
No que respeita à programação, o festival promete continuar a inovar apresentando três novos programas, durante os meses de janeiro e fevereiro, que desafiam as fronteiras entre a música e o teatro, proporcionando ao público experiências culturais ricas e diversificadas.
Concebido e organizado por Musicamera Produções, o Festival CriaSons tem reunido grandes nomes da criação musical nacional como António Vitorino de Almeida, Alejandro Erlich Oliva, Alexandre Delgado, Amílcar Vasques Dias, Mário Laginha, Eurico Carrapatoso, Cândido Lima, Pedro Caldeira Cabral, Carlos Azevedo, António Pinho Vargas, Fernando Lapa, entre outros, – com grandes intérpretes coletivos de que são exemplo Opus Ensemble, Quarteto Lopes Graça, Quarteto Artzen, Kinetix Duo, Duo Contracello, Ensemble Musicamerata, e individuais, levando a criação musical contemporânea portuguesa a palcos por todo o país e estrangeiro.
Sobre os Espetáculos:
21 de Janeiro de 2024, 19h00 | Biblioteca de Marvila, Lisboa: “Pensar é estar doente dos olhos”
O conceito dramático geral da peça é uma alternância entre os momentos nos quais que a música fixa o tempo teatral (momentos operáticos, próximos das Arias tradicionais), momentos puramente teatrais (sem música), e outros momentos também de natureza teatral, mas para os quais é proposto um material musical mas sem duração fixa. Para os últimos dois, o texto e a cena guiam o tempo de modo a oferecer uma possibilidade criativa maior para a encenação.
Criação musical – Rui Antunes
Barítono – Diogo Mendes
Violoncelo – Catherine Strynckx
“Vivos até à morte”
Esta é uma criação operática para barítono, três bailarinos e quarteto de cordas, com música de João Ricardo e libreto conseguido a partir de registos e relatos de vítimas da Inquisição de Alenquer, recolhidos e compilados por Rosário Costa e reorganizados pelo compositor. A obra pretende explorar uma das páginas negras da humanidade através de uma abordagem quase absurda entre várias dualidades: opressor e oprimido, real e inventado, sério e sarcástico, inocente e culpado.
Como forma de homenagem, os nomes de múltiplas pessoas acusadas, evidenciados entre os registos bibliográficos, são transpostos em micro e macroestrutura das secções, e os crimes de que são acusados – heresia, blasfémia, solicitação, feitiçaria, superstição, fingimento, engano, judaísmo – ilustram-se na temática dos episódios da criação musical.
Criação musical – João Ricardo
Texto – Rosário Costa
Quarteto Lopes-Graça
Barítono / narrador – Diogo Mendes
Encenação – Élio Correia
Direção Musical – Brian MacKay
Iluminista – Anabela Gaspar
Vídeo – André Roma
9 e 11 de Fevereiro de 2024, 19h30 | O’Culto da Ajuda, Lisboa: “Ópera π”
Num café (em Paris) duas personagens dialogam entre si sobre o que é fundamental na criação artística. Um deles representa a racionalidade, a objetividade, o plano; o outro representa a intuição pura, a visceralidade do momento de criação. Na sua discussão vão apresentando argumentos, dúvidas, sugestões. Chegarão a um consenso? Quem irá prevalecer? O espetáculo será realizado num cenário de café, onde, além do elenco, estarão sentados elementos do público (8 a 10 pessoas); estes participantes involuntários assistirão in loco à ação podendo ser convocados para alguma interação.
Música – João Pedro Oliveira
Texto – Miguel Mesquita da Cunha / João Pedro Oliveira
Encenação – Élio Correia
Direção Musical – Brian MacKay
Iluminação – Anabela Gaspar
Soprano – Patrícia Silveira
Barítono – Luís Rendas Pereira
Duo Contracello
24 de fevereiro de 2024, 19h00 | Biblioteca de Marvila, Lisboa: “Árvore Metálica e Outras Histórias”
“Árvore Metálica e Outras Histórias” é uma obra escrita em 1986 e foi estreada nos Encontros de Música Contemporânea pelos Metais de Lisboa, grupo a quem a obra é dedicada. Tem seis intérpretes (Trompetes. Trompa e Trombones). A exploração da desmontagem física dos instrumentos com reflexos na execução é a ideia central deste trabalho. No total fixa-se em cerca de oito minutos.
Carlos Alberto Augusto
“Acinesia/Akinesis” para viola, eletrónica e voz
Intérprete – Jorge Alves
“A Observação do Tempo/Observing Time” para tarola, eletrónica e voz
Intérprete – Andrés Perez
Constança Capdeville “Ámen por uma Ausência” para contrabaixo
Intérprete – Pedro Wallenstein
Paulo Brandão “Árvore Metálica” para Sexteto de Metais , mesa e “spare parts”
Intérpretes
Adriano Franco, Daniel Tapadinhas (trompetes)
Sebastião Pereira (trompa)
Renato Serra, Alexandre Vilela (trombones)
Filipe Carvalho (tuba)
Direção – João Paulo Fernandes
Criação Musical / Cénica – Paulo Brandão e Carlos Alberto Augusto