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Luta Livre com o dedo na ferida sem censuras

Escrito por em 16/06/2023

A Luta Livre chegou em 2020, em plena pandemia, com um conjunto de canções ilustradas em videos de animação, que foram sendo publicadas mensalmente no YouTube e nas redes sociais. A primeira canção chamava-se “Política” e dava o mote para o que aí vinha.

No início de 2021 saiu o álbum “Técnicas de Combate”, trabalho aplaudido pela crítica e pelo público, que compareceu nos espectáculos da digressão nacional que levou a Luta de norte a sul do país.

Entre a pandemia e a guerra, Luís Varatojo escreveu outro álbum lançado a 31 de março de 2023. O primeiro single, “Panela de pressão”, que aborda, sem paninhos quentes, a dura realidade em que vivemos, segue a linha de comunicação encetada em 2020 e conta com um videoclipe de animação da autoria de Cristina Viana. “A crise aumenta e o povo não aguenta”, a palavra de ordem que ecoa no refrão, é, ao mesmo tempo uma constatação e um grito de revolta.

“O Conto do Vigário” é o segundo single extraído do álbum “Defesa Pessoal”. É uma canção sobre fluxos monetários, CEOs e cotação bolsista, e uma espécie de swing rockabilly para dançar em cima da mesa do escritório com a gravata na cabeça e uma taça de rosé na mão. Nem toda a gente o pode fazer, é certo, são as vicissitudes da economia de mercado, para compensar os investimentos de uns é preciso que outros sofram os ajustamentos. E são sempre os mesmos a ajustar – há quem vá ao Panamá para lavar a massa, há quem fique em Massamá a chorar a taça.

“O Conto do Vigário” fala do estado de permanente crise económica em que vivemos – ou em que nos querem fazer crer que vivemos – e das soluções para dele sair, que passam, invariavelmente, por apertar mais ainda os cintos dos que já vivem com eles apertados. O refrão, em ambiente cabaret/voudeville, mostra-nos o outro lado da moeda: casas com piscina, iates na marina, negócios forex. A motor ou à bolina, a maré favorece sempre quem está na mó de cima.

O vídeo de animação, da autoria de Andreia Reisinho Costa, ajuda a decifrar as metáforas e a compreender a moral da estória.

Filipe Pedro (Castor Mateus) conversou e Daniela Azevedo filmou e fotografou.