Faixa Atual

Título

Artista

Background

Ana Moura vence prémios Play

Escrito por em 28/04/2023

A cantora Ana Moura conquistou o título de melhor álbum do ano, com o disco “Casa Guilhermina”, o prémio da crítica e o de melhor artista feminina na quinta edição dos Play – Prémios da música portuguesa.

Já o prémio de melhor artista masculino foi para Ivandro, que também arrecadou a distinção de canção do ano, a única categoria com votação do público, por “Lua”.

A cerimónia, que decorreu no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, aplaudiu ainda, de pé, Sérgio Godinho, distinguido com o prémio Carreira “pelo percurso artístico de invejável longevidade, que há mais de 50 anos se vai entrecruzando com a própria história do país”, como indicou a organização.

O músico de “A Noite Passada” assistiu, ao lado do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que lhe entregou o prémio, a um tributo, prestado pela banda de Sérgio Godinho – Os Assessores – com Jorge Palma, Manuela Azevedo e Diogo Piçarra, que interpretaram alguns dos seus temas mais conhecidos.

No discurso de agradecimento, Godinho sublinhou a “pujança e a diversidade” da música portuguesa atual: “Não só não nos podemos queixar da falta de música como a música corre em nós”.

Logo de seguida, Filomena Cautela, uma das anfitriãs da cerimónia, disse falar por muitos na sala quando se dirigiu a Pedro Adão e Silva para apelar para que a quota de música portuguesa na rádio volte aos 30% em que esteve até ao começo do ano passado, arrancando um aplauso ao público presente.

Horas antes, o prémio de melhor grupo foi atribuído à dupla Calema, dos irmãos António Mendes Ferreira e Fradique Mendes Ferreira. “Tudo Recomeça”, de Aldina Duarte, foi considerado o melhor álbum de fado e, no jazz, “Chasing Contradictions”, do Ricardo Toscano Trio, venceu o prémio de melhor disco.

Na música clássica, o título coube a “Lamentationes Hebdomadæ Sanctæ”, do Ensemble Bonne Corde. O prémio Lusofonia foi conquistado pelo tema “Dançarina”, de Pedro Sampaio com MC Pedrinho, enquanto o melhor vídeo musical foi “Caro”, de X-Tense com Slow-J, realizado por Gonçalo Carvoeiras e X-Tense.

Já o prémio de artista revelação foi entregue a Nena. Os prémios Play são promovidos pela SAPM – Associação Prémios da Música, criada pela Audiogest e pela GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas.

Na rede social Facebook, Cátia Mazari Oliveira publicou na página oficial de A Garota Não um texto assertivo – que aqui citamos integralmente – que escrevera perante a eventualidade de subir ao palco. Estava nomeada para o prémio de artista revelação. A ganhar, teria sido uma lufada de ar fresco numa cerimónia demasiado colada aos números (reais ou falseados) das editoras e distribuidoras, numa altura em que as “franjas” (edições de autor e editores pequenas) apresentam propostas cada vez mais frescas e relevantes e reclamam por apoios justos e merecidos.

«Os prémios Play são organizados por duas importantes entidades – GDA e AUDIOGEST – entidades sem fins lucrativos, com estatuto de utilidade pública, responsáveis pela gestão e distribuição do dinheiro gerado por direitos de autor e direitos conexos sobre as obras musicais. Trocando por miúdos, são quem cobra a agentes como Câmaras Municipais, restaurantes, rádios, bares, discotecas, lojas e todo o tipo de espaços com licença para passar música, – e quem depois distribui esse dinheiro pelos artistas, criadores e editoras.

Têm ambas como missão valorizar e incentivar a criação cultural. São entidades poderosas em Portugal. E que podem fazer toda a diferença na vida daqueles que por paixão, sonho e vontade se propõem a concretizar projetos musicais.

E podia vir aqui só para agradecer a parte que me calhou dos não sei quantos milhões de eur que a GDA e a AUDIOGEST colheram em 2022 – gastei os 300 eur que me couberam na metade de um teclado – e ainda comi um gelado.

Fora a ironia: quero muito mais que as minhas palavras soem a um apelo sério do que a crítica ressabiada. E este pedido é em várias frentes:

* que a GDA e a AUDIOGEST sejam o que se propõem ser – entidades que estão do nosso lado e nos ajudem a tornar a música numa parte mais sustentável das nossas vidas dando-nos, quanto mais não seja, informação séria e transparente sobre os caminhos que devemos percorrer nesta corrida. Conhecimento é (mesmo!) poder e nós temos de ter esse poder do nosso lado. Viver do que se cria e produz não é um privilégio. Pode ser apenas um estado, um direito;

* que se tratem com RESPEITO os artistas e editoras independentes e se lhes dedique tempo e cuidado na recolha e apreciação de dados que resultam na distribuição;

* que se tornem mais claros e justos os caminhos dessa distribuição;

* e que entre nós – músicos -, sejamos também uma rede de passar a palavra, de nos inteirarmos e defendermos mais coletivamente – também nos cabe a nós ir atrás da informação e difundi-la.

Obrigada aos cafés, restaurantes, rádios, municípios que – mesmo que só o façam para evitar multas – fazem a sua parte. É com o vosso contributo que se faz este evento e sobretudo é com o vosso contributo que a produção musical nacional pode ser mais rica e diversa.

E de resto obrigada à Maria Fernanda e ao José Oliveira, meus pais, à Ana Paula e Domingos, meus irmãos, que me deram ferramentas e me encheram de vontade, ao Sérgio Mendes por me ajudar a pôr de pé os discos que aí estão, aos músicos que aceitaram participar nesses discos – em particular o Fred Pinto Ferreira pelo amor e impulso, ao José Morais e à Sandra Baptista e à Produtores Associados pela fé e empurrão nas costas, à equipa que me acompanha na estrada: Diogo Sousa (para cima deles!), João Gabriel, Sandra Cardoso, Hugo Valverde, e a todos os que têm posto amor neste projeto com as suas partilhas, msgs, idas a concertos. Muito obrigada.»