Metamito dilui a fronteira entre o sonho e a realidade
Escrito por Daniela Azevedo em 24/03/2023
Metamito é um projeto musical que visa “diluir a fronteira entre o sonho e a realidade”. Fruto da imaginação de António Miguel Serra, músico multi-instrumentista e produtor da zona de Sintra, tem vindo a ser descrito por alguns como “um dos mais inovadores e promissores projetos do panorama musical português”. Daniela Azevedo conversou com António Miguel Serra, mentor do projeto, no pub Grog, em Lisboa.
É um projeto “totalmente independente”, desde a criação até à distribuição, “o que se reflete na expressão musical autêntica e livre”. Com uma sonoridade “dreamy” e “neo-psicadélica”, aborda temas como o mito, a mística, o amor, a verdade e a vida mas o som é “diversificado e em constante mutação por isso é difícil de o fechar numa caixa”. “Existem travos de dream pop, rock psicadélico e world music”, pode ler-se no comunicado de imprensa.
Em 2019 lançou de forma independente o primeiro EP “Reflexo”. Em 2020 saiu “Pandora”, single descrito como “pop alternativo”, mais “sintetizado e dançável” do que os seus registos anteriores.
António Miguel Serra inspira-se em artistas como Tash Sultana, Noiserv, FKJ ou Binkbeats para apresentar as suas músicas em formato “one man band”, tocando diversos instrumentos, com uma “loopstation” como “cérebro” do espetáculo. O seu maior recurso é a guitarra e a voz mas recorre também a sintetizadores e efeitos variados. Todas as camadas são criadas “no momento e cada concerto é sempre diferente do anterior, havendo bastante espaço para improvisação e viagem”, refere a nota.
Já pisou vários palcos em Portugal e Espanha. Em 2020 foi o vencedor do concurso Music Unlock by SBSR, tendo assegurado a presença no cartaz da edição seguinte do Festival Super Bock Super Rock.
“Vem despertar do Sono, e lembrar que o Sonho é a Realidade”. É com este verso que Metamito abre o primeiro álbum e estas palavras surgem como uma mão que se estende e convida o ouvinte a entrar numa viagem aos confins da sua mente. Este é um disco que “pede para ser ouvido numa boa escuta, de olhos fechados e atentos, como quem visita um museu no seu subconsciente”, revela.
Ao todo são nove faixas onde Metamito cristaliza a estética e a identidade, ambas “muito próprias”, com canções que remetem para “viagens espirituais e psicadélicas”. São cantados os “mistérios da vida e do ser”, interpretados de forma “tendencialmente idealista e mística”. O álbum foi editado a 20 de janeiro de 2023.
Situando-se algures entre o psych-pop e o psych-folk, a produção é extremamente “densa e detalhada”, criando um universo sonoro que permite a descoberta de novos pormenores mesmo após várias audições. Quanto à instrumentação, ouve-se uma mistura de elementos orgânicos e tradicionais como guitarras clássicas e portuguesas ou piano e percussões com elementos sintéticos e modernos como sintetizadores e beats eletrónicos. Há uma “profunda exploração do espaço e profundidade” com recurso a variados efeitos, e uma voz “doce e subtil” liga todos estes elementos.
Toda a composição, execução, gravação e produção tem o “cunho” de António Miguel Serra (Metamito). A mistura ficou a cargo de Pedro Ferreira, no HAUS, e a masterização de João Alves, no Sweet Mastering Studio.
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