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“Sex Relish” e “Room Without a View” vencem Olhares do Mediterrâneo

Escrito por em 21/11/2022

“Sex Relish”, de Ãnanda Safo, “Room Without a View”, de Roser Corella, e “Lia”, de Giulia Regini, venceram o Festival Olhares do Mediterrâneo, que terminou no domingo em Lisboa.

Os vencedores da 9.ª edição do Festival Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival foram anunciados ontem, 20 de novembro, numa cerimónia que começou às 19:30, no Cinema São Jorge, em Lisboa.

O júri para Melhor Curta-Metragem, composto por Ana Martins, Fátima Chinita e Joana Silva de Sousa, atribuiu o prémio à animação “Sex Relish (a Solo Orgasm) / Jouir (en Solitaire)”, de Amanda Safo (França), por ser “uma ode ao prazer sexual da mulher, numa viagem visual alucinante por diferentes visões estéticas do prazer, representadas por diferentes estilos de animação. Várias vozes femininas transportam-nos para um mundo absolutamente íntimo e simultaneamente universal. Um filme que é um elogio à liberdade feminina, de visionamento obrigatório para mulheres e homens”.

Foram também atribuídas duas menções honrosas – a “Tutú”, de Lorenzo Tiberia (Itália), por ser “uma história tocante e realista sobre a anorexia, transmitindo de modo claro, e numa estética primorosa e dramaturgicamente coerente, a luta interna de quem a vive e de quem a rodeia”; e a “Warsha”, da libanesa Dania Bdeir, argumentando ser “uma narrativa surpreendente sobre a liberdade de expressão individual, capaz de mostrar de uma forma minimalista a riqueza emocional do protagonista através de um exímio trabalho estético”.

Foi atribuído também o prémio de melhor filme da Competição Travessias. O júri, composto por Inês Lourenço, Giulia Daniele e Aline Flor escolheu “Room Without a View”, de Roser Corella (co-produção do Líbano, Áustria e Alemanha), alegando que foi premiado um filme que “retrata a sociedade libanesa a partir do seu espaço mais íntimo: a casa. Com delicadeza, empatia e força política, a realizadora expõe uma forma de escravatura muitas vezes escondida em diferentes contextos do mundo, não apenas no Líbano”. O júri atribuiu ainda uma menção honrosa a “Mehret Goes East”, uma produção francesa de Cécil Chaignot, pela “narrativa ousada e justeza formal com que se transforma a questão dramática dos refugiados num pequeno ensaio de suspense. O seu toque final rouba um sorriso do espectador”.

Na secção Começar a Olhar – Filmes de Escola, os jurados Andrea Gonçalves, Pedro Silva e Mónica Baptista atribuíram o prémio ao filme “Lia”, da italiana Giulia Regini, argumentando ser “um filme sobre a entrada na vida e a iniciação sexual de uma jovem, e todos os constrangimentos que a educação pode colocar. Com uma narrativa simples, “Lia” é uma curta-metragem ousada no tratamento do tema, com uma realização que mostra alguma maturidade e uma cuidada direção de atores.”

Foram ainda atribuídas duas Menções Honrosas – à ficção “Stagnant Water”, da israelita Coraline Zorea, justificando “com mestria, o medo da mudança, num olhar sobre o mundo privado e algo solitário de uma adolescente que, desde criança, aprendeu a sobreviver num mundo de homens, temendo agora o regresso à escola e o abandono de uma rotina que, para ela, ainda é tudo; um filme que mostra, igualmente, como a transformação interior pode ter origem no olhar atento e no espírito cuidador de quem nos cerca, levando-nos a enfrentar, não sem algum receio, os impossíveis da vida” – e ao documentário “Half Time (La Mi-Temps)” uma produção francesa de Anaïs Baseilhac, por ser “um filme que propõe um testemunho comovente sobre o que é a sensibilidade masculina na sociedade de hoje. O documentário, construído à volta de retratos de clientes de uma barbearia de Marselha, foi realizado com maturidade mas, também, com ternura e uma boa percepção da natureza humana. Vimos, naquele lugar, um refúgio para homens de todas as idades e profissões, que aproveitavam aquele momento para serem vulneráveis sobre o que sentiam, o que os entristecia e aquilo que os fazia felizes”.

Novidade este ano, o Prémio Inatel com o valor monetário de 500€ foi ainda atribuído pelo júri da secção Começar a Olhar à Melhor Curta de Escola Portuguesa ao documentário “Mesa Posta”, de Beatriz de Sousa, justificando que “Em “Mesa Posta”, a violência e a brutalidade de toda uma vida são postas, com requinte, em cima de uma mesa, numa história narrada através da
beleza e da graciosidade de objectos do quotidiano. Um filme muito bem construído cenicamente, e que resulta numa espécie de peça de teatro onde os protagonistas são objetos que dançam conduzidos pela voz da narradora.”

Já o Prémio do Público foi atribuído à curta-metragem “Erasmus em Gaza”, de Chiara Avesani e Matteo Delbò (Espanha), e à longa “Scheherazade’s Diary”, de Zeina Daccache (Líbano). À semelhança do sucedido nas edições anteriores, os troféus dos prémios foram concebidos e executados pelas alunas e alunos dos Cursos de Produção Artística Cerâmica, de Design de Comunicação e de Design de Produto da Escola Artística António Arroio.

Olhares do Mediterrâneo – Women Film Festival é o primeiro e mais antigo festival de cinema no feminino em Portugal, e é o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo. O Festival é um projeto do grupo Olhares do Mediterrâneo e do CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia).

PALMARÉS 9.º OLHARES DO MEDITERRÂNEO

MELHOR CURTA-METRAGEM
“Sex Relish (a Solo Orgasm)”, de Amanda Safo (França)

MENÇÕES HONROSAS
“Tutú”, de Lorenzo Tiberia (Itália)
“Warsha”, de Dania Bdeir (Líbano)

PRÉMIO TRAVESSIAS
“Room Without a View”, de Roser Corella (co-produção do Líbano, Áustria e Alemanha)

MENÇÃO HONROSA
“Mehret Goes East”, de Cécil Chaignot (França)

PRÉMIO COMEÇAR A OLHAR
“Lia”, de Giulia Regini (Itália)

MENÇÕES HONROSAS
“Stagnant Water”, de Coraline Zorea (Israel)
“Half Time”, de Anaïs Baseilhac (França)

MELHOR CURTA DE ESCOLA PORTUGUESA – PRÉMIO INATEL
“Mesa Posta”, de Beatriz de Sousa

PRÉMIO DO PÚBLICO

CURTAS
“Erasmus in Gaza”, de Chiara Avesani e Matteo Delbò (Espanha)

LONGAS
“Scheherazade’s Diary”, de Zeina Daccache (Líbano)