Simone: “Portugueses ouvem com o coração”
Escrito por Daniela Azevedo em 10/11/2022
Em “Da Gente” (2022), o primeiro disco de Simone desde “É Melhor Ser (2013), a cantora volta a percorrer o percurso do afeto, através de um olhar atento aos compositores do Nordeste do Brasil e pela temática das 12 músicas que acrescentou ao seu repertório. Daniela Azevedo foi aos Nirvana Studios, em Oeiras, conversar com a cantora.
Amores, encontros e reflexões sobre os dias de hoje dão o mote ao novo trabalho. “A vida sem os afetos não vale a pena. O que me salvou na pandemia foi o lado afetivo, o que veio de mim e o que veio pra mim. Espero que este trabalho Da gente cumpra uma rota sentimental que faz falta nos nossos dias, do coletivo, do grupo, da amizade, da confiança”, revelou Simone.
A ideia de fazer um disco apenas com canções de autores nordestinos vem de 2015. “Já tinha comentado sobre isso com algumas pessoas, porque sou nordestina. Tinha até um título: Por Ser de Lá, verso de Lamento Sertanejo, de Gilberto Gil e Dominguinhos”. Uma dessas pessoas era Zélia Duncan. O plano foi adiado, mas em 2021, Zélia disse à amiga que ela precisava de conhecer uma pessoa: Juliano Holanda, compositor e produtor pernambucano que se destacou na cena contemporânea da música brasileira.
A partir daí, o disco foi tomando forma, com Zélia na direção artística e Juliano a assumir o posto de coordenador e produtor musical. As primeiras conversas entre os três foram virtuais e aos poucos o repertório foi montado. Boa parte das canções escolhidas são de autores contemporâneos, a maioria mulheres. E a sonoridade do álbum também traz uma novidade: não há piano ou teclados, instrumentos que estão presentes em toda a discografia da cantora, que em “Da Gente” foi acompanhada por Holanda (baixo e violão de aço), Webster Santos (violões) e Rapha B (bateria, udu, clave e ganzá).
“Durante a gravação percebi que o piano não estava me fazendo falta. Os músicos me cercaram musicalmente de uma maneira muito forte”, disse Simone, ressaltando que o entrosamento entre todos foi fundamental para o bom andamento dos trabalhos – o período de permanência em estúdio foi de apenas 10 dias, em agosto de 2021.
“Da Gente” dá também o pontapé inicial nas comemorações dos 50 anos de carreira de Simone, em março de 2023. “Espero fazer shows, estou há mais de dois anos sem pisar no palco”, afirma a cantora, ansiosa por um reencontro presencial com o público.
Simone apresenta o novo álbum “Da Gente” no sábado, 12, no Casino Estoril e no domingo, 13, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.