Morreu o músico Jerry Lee Lewis
Escrito por TunetRádio em 28/10/2022
O músico norte-americano Jerry Lee Lewis, conhecido por sucessos que atravessaram décadas e gerações como “Great Balls of Fire”, morreu hoje aos 87 anos.
Último sobrevivente de uma sessão histórica que ocorreu por acaso em dezembro de 1956, no estúdio da também icónica editora Sun Records, em Memphis, no estado norte-americano do Tennessee, que o juntou aos já populares Elvis Presley, Johnny Cash e Carl Perkins, Lewis fez igualmente parte da chamada “Class of ‘55”, com Cash, Perkins e Roy Orbison.
Lewis, que em 2006 lançou um disco chamado “Last Man Standing”, orgulhava-se de ter continuado a tocar e a subir aos palcos quando os outros criadores do género chamado rock’n’roll se tinham retirado de cena, por uma razão ou outra: Elvis foi para o exército entre 1958 e 1960, Chuck Berry passou quase dois anos preso por atravessar linhas estaduais com uma menor em 1959, Buddy Holly morreu na queda de um avião e Little Richard abandonou a música pela religião.
Jerry Lee Lewis nasceu em Ferriday, no estado do Louisiana, no dia 29 de setembro de 1935, ficou também conhecido pela alcunha de “The Killer” e, nas palavras de um perfil da revista GQ, “suportou mais tragédia do que qualquer homem deveria ter de suportar” ao mesmo tempo que escandalizou um país “com a sua música temerária e profana”.
Quando Jerry Lee tinha 3 anos, o seu irmão mais velho morreu atropelado. Em 1962, o filho que teve com a terceira mulher, Myra, morreu afogado numa piscina antes do quarto aniversário. Onze anos depois, o filho que teve no segundo casamento e a quem deu o nome de Jerry Lee Lewis Jr. também morreu, neste caso num acidente de automóvel.
Jerry Lee Lewis tocou pela primeira vez num piano na casa dos tios e, aos 9 anos, face às capacidades que o pequeno Jerry Lee demonstrava diante do instrumento, o pai hipotecou a residência da família para lhe comprar um piano, que passou a transportar por todo o lado onde pudesse parar para dar concertos, tendo em conta a aprendizagem autodidata do filho.
Face ao sucesso do jovem Jerry Lee Lewis, em 1956, foi com o pai até Memphis, para se fazer ouvir na Sun Records, que tinha lançado Elvis, Perkins, Cash e muitos outros. Na ausência de Sam Phillips, o produtor Jack Clement recebeu os dois homens e relatou o momento a Nick Tosches: “A rececionista veio ter comigo e disse ‘está ali um miúdo que diz que toca o piano como o Chet Atkins toca guitarra’. Isto não fazia sentido nenhum, por isso mandei-o entrar. Ele era confiante, mas não era mandão”.
Dessa vez, a Sun não lhe respondeu da maneira que ele pretendia, mas Lewis voltou e foi na editora que gravou “Whole Lot of Shakin’ Goin’ On”, “Great Balls of Fire” (escrita pelo pianista Jack Hammer e pelo cantor Otis Blackwell, que estava por trás de “Don’t Be Cruel” e “All Shook Up”, de Elvis) e “Breathless”, tornando-se num dos maiores nomes da música popular nos Estados Unidos num par de anos.
Vencedor de um Grammy pela carreira, atribuído em 2005, Jerry Lee Lewis fez parte do primeiro grupo de artistas a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame, em 1986, a par de Chuck Berry, Elvis Presley, James Brown, Ray Charles, Little Richard, Sam Cooke, Fats Domino, Everly Brothers e Buddy Holly.