Prémio Nobel da Literatura atribuído a Annie Ernaux
Escrito por TunetRádio em 06/10/2022
O prémio Nobel da Literatura 2022 foi atribuído à escritora francesa Annie Ernaux, anunciou hoje a Academia Sueca.
Annie Ernaux, 82 anos, de quem acaba de ser publicada em Portugal a obra “O Acontecimento”, é distinguida com o Nobel da Literatura “pela coragem e pela perspicácia imparcial com que desvenda as raízes, as indiferenças e as limitações coletivas das memórias pessoais”, anunciou a academia.
“Na sua escrita, de forma consistente e a partir de diferentes perspetivas, Ernaux examina a vida, marcada por fortes disparidades sobre género, linguagem e classe. O seu caminho para a criação autoral foi longo e árduo”, lê-se na justificação da academia.
Autora de “Os Anos” e “Uma Paixão Simples”, Annie Ernaux, nome sempre falado para os principais prémios literários, regressou à primeira linha das possíveis escolhas para o Nobel da Literatura, exatamente após a publicação do seu romance “L’événement”/ “O Acontecimento”, baseado na sua própria experiência.
A obra narra a angústia de uma jovem estudante obrigada a um aborto clandestino, em França, em 1964, 11 anos antes da despenalização no país. Adaptado ao cinema pela realizadora francesa Audrey Diwan, o filme, de título homónimo, venceu o Leão de Ouro de melhor filme, o prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 2021.
A escritora, em Portugal, é atualmente publicada pelo grupo Porto Editora. Nascida em Lillebonne, na Normandia, em 1940, Annie Ernaux formou-se em Letras Modernas nas universidades de Rouen e de Bordéus.
A editora portuguesa da escritora define-a como “uma das vozes mais importantes da literatura francesa”, na atualidade, “destacando-se por uma escrita na qual se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes”.
Foi distinguida com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da obra.
“Um Lugar ao Sol” (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e “Os Anos” (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional, estão entre os seus mais conhecidos títulos.
Em Portugal foram publicados “O lugar”, pela editora Fragmentos, em 1987, “Os anos”, numa nova edição dos Livros do Brasil, em 2020, assim como “Uma paixão simples”, que surgiram em Portugal ainda na década de 1990.
“O Acontecimento” prosseguiu este ano a publicação da obra de Annie Ernaux, nesta chancela da Porto Editora. Ernaux encontrava-se entre os principais candidatos ao Prémio Nobel da Literatura de 2022, de acordo com as apostas feitas durante a última semana, surgindo muito perto do francês Michel Houellebecq e da canadiana Anne Carson.
No anúncio do Nobel, o secretário da Academia Sueca indicou que, até ao momento do anúncio, ainda não fora possível contactar a escritora francesa, para lhe comunicar a atribuição do prémio.
Annie Ernaux: Receber o Nobel é “uma grande responsabilidade”
A escritora francesa Annie Ernaux, hoje distinguida com o Nobel da Literatura, considerou que é “uma grande responsabilidade” receber este prémio, como demonstração de uma forma de “verdade, de justiça em relação ao mundo”.
Annie Ernaux, 82 anos, reagiu à atribuição do prémio em declarações à televisão sueca SVT, pouco depois de a Academia Sueca ter anunciado o seu nome e ter admitido que não tinha conseguido contactá-la antecipadamente.
No anúncio, o secretário permanente da academia, Anders Olsson, afirmou que Annie Ernaux é distinguida “pela coragem e pela perspicácia imparcial com que desvenda as raízes, as indiferenças e as limitações coletivas das memórias pessoais”.
“Na sua escrita, de forma consistente e a partir de diferentes perspetivas, Ernaux examina a vida, marcada por fortes disparidades sobre género, linguagem e classe. O seu caminho para a criação autoral foi longo e árduo”, lê-se na justificação da academia.
Autora de “Os Anos” e “Uma Paixão Simples”, Annie Ernaux, nome sempre falado para os principais prémios literários, regressou à primeira linha das possíveis escolhas para o Nobel da Literatura, exatamente após a publicação do seu romance “O Acontecimento”, baseado na sua própria experiência.
“Considero que é uma grande honra que fazem e para mim é ao mesmo tempo uma enorme responsabilidade ao darem-me o prémio Nobel. Ou seja, é a prova […] de uma forma de verdade, de justiça em relação ao mundo”, afirmou a escritora à SVT.