Realizador iraniano Jafar Pahani detido em Teerão

O realizador iraniano Jafar Panahi foi hoje detido em Teerão, dias depois da detenção de dois outros cineastas, críticos do regime iraniano, revelou hoje a agência noticiosa Mehr, do Irão.

Segundo a agência noticiosa, Jafar Panahi foi detido depois de se ter apresentado ao Ministério Público para acompanhar o caso do realizador Mohammad Rasoulof, detido na semana passada, mas desconhecem-se as razões da detenção.

Na sexta-feira, os realizadores Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad foram detidos acusados de perturbação da ordem pública e de terem encorajado protestos contra o governo iraniano, após o colapso de um prédio, em maio, no sudoeste do Irão, que causou mais de 40 mortos.

Na altura, um grupo de cineastas iranianos, liderado por Rasoulof, publicou uma carta aberta pedindo a deposição de armas das forças de segurança em resposta à “corrupção” e “incompetência” do governo.

Jafar Pahani, hoje detido, é uma das vozes dissidentes da cultura iraniana, tendo sido condenado em 2010 a seis anos de prisão e a 20 de interdição de viajar, filmar ou falar nos media. Os festivais de Berlim, na Alemanha, e de Cannes, em França, já condenaram aquelas detenções e exigiram a libertação dos cineastas.

“A Berlinale está profundamente comprometida com a liberdade de expressão e a liberdade artística. Por isso manifestamo-nos contra a detenção dos dois realizadores”, escreveu o festival, na sexta-feira passada.

Foi no festival de Berlim que Mohammad Rasoulof venceu, em 2020, o Urso de Ouro de Melhor Filme com “O mal não existe”. Hoje, o festival de cinema de Cannes, que já distinguiu Jafar Panahi, apelou à libertação dos três cineastas e condenou a “onda evidente de repressão que está em curso no Irão contra os seus artistas”.