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UNESCO “empenhada” na reconstrução do Museu do Brasil

Escrito por em 01/07/2022

A UNESCO está “fortemente empenhada” na reconstrução do Museu Nacional do Brasil, reduzido a escombros em 2018 devido a um incêndio, e prevê entregar algumas obras e parte da fachada para as celebrações do bicentenário da independência.

“Estamos fortemente empenhados” na reconstrução, tratamento, conservação, recuperação de várias peças do acerv0 e a colaborar com as autoridades brasileiras, disse à Lusa a coordenadora de Cultura da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, Isabel de Paula.

Com mais de 200 anos, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo e património do Brasil, foi reduzido a escombros no dia 02 de setembro de 2018 por um incêndio que destruiu grande parte de seu acervo de 20 milhões de peças.

O prédio histórico, que inicialmente serviu como palácio imperial do Brasil, abrigava o maior museu de história natural da América Latina e um dos cinco maiores do mundo do género. Assim que terminou o incêndio, explicou Isabel de Paula, a UNESCO enviou de imediato “uma equipa de especialistas internacionais para apoiar nas primeiras ações”.

“Por meio da UNESCO foram contratados os projetos de arquitetura para a reconstrução do Museu Nacional“, acrescentou, garantindo: “É um dos nossos maiores projetos de cultura”. Agora, para as celebrações do bicentenário da independência do Brasil, a 07 de setembro de 2022, a UNESCO, que colabora com as autoridades brasileiras tem previsto a “entrega das primeiras obras, de alguma parte das fachadas do Museu” e da cobertura de um dos blocos.

A inauguração total do museu está prevista para 2026, altura em que se prevê a conclusão das obras de reconstrução do Palácio Imperial cujo custo estimado da reconstrução é de 385 milhões de reais (cerca de 62,8 milhões de euros).

A estimativa é que as novas áreas expositivas ocupem um espaço de cerca de 5.500 metros quadrados, divididos em quatro circuitos, para os quais serão necessárias cerca de 10.000 peças.

UNESCO destaca “cidade maravilhosa” nos dez anos de classificação do Rio de Janeiro

A UNESCO considera que o património vivo e a fusão cultural trazem “um valor excecional” ao Rio de Janeiro, no dia em que a apelidada “Cidade Maravilhosa” celebra o 10.º aniversário como Património Cultural da Humanidade.

Foi precisamente há 10 anos, no dia 01 de julho de 2012, que a candidatura “Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar” seria aprovada pelo Comité do Património Mundial, na cidade russa de São Petersburgo, tornando-se Património Mundial como Paisagem Cultural Urbana.

“Existe no Rio uma consonância entre a paisagem natural da cidade e as intervenções idealizadas pelo homem”, num verdadeiro encontro “entre cultura, cidade e natureza”, explicou à Lusa, a coordenadora de Cultura da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, Isabel de Paula.

Ao longo dos anos, detalhou, as “intervenções urbanas na paisagem, encabeçadas por profissionais de alta criatividade”, como o paisagista Burle Marx, tornaram a ‘em tempos capital do império português’ e antiga capital brasileira numa “cidade internacionalmente reconhecida por esse património paisagístico”.

Floresta da Tijuca, Pretos Forros e Covanca do Parque Nacional da Tijuca, Pedra Bonita e Pedra da Gávea do Parque Nacional da Tijuca, a Serra da Carioca do Parque Nacional da Tijuca, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Entrada da Baía de Guanabara e as suas bordas d’água desenhadas, os Fortes Históricos de Niterói e Rio de Janeiro, Pão de Açúcar e Praia de Copacabana, são algumas das áreas consideradas Paisagem Cultural da Cidade do Rio de Janeiro.

A UNESCO considerou a paisagem do Rio como valor universal por esta representar uma obra-prima de um génio criativo humano, “ser testemunho de um intercâmbio de influência considerável, durante um dado período ou numa determinada área cultural, sobre o desenvolvimento da arquitetura ou da tecnologia, das artes monumentais, do planeamento urbano ou da criação de paisagens” e, por último, “estar direta ou materialmente associado a acontecimentos ou tradições vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal excecional”.

Neste último ponto, ficou provado que a cidade brasileira é um “património vivo”, lembrou Isabel de Paula, uma mistura de culturas e artes, desde o “carnaval carioca, passando pela música carioca, a bossa-nova, o samba, o futebol”.

“A cidade tem realmente uma convergência muito grande e uma fusão das diversas culturas aqui presentes”, como a portuguesa e a africana, disse. A “Cidade Maravilhosa” iria novamente, em 2017 e depois em 2021, a ser inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO.

Em 2017 o Cais do Valongo, maior porto de entrada de negros escravizados na América Latina, recebeu o título de Património Mundial da UNESCO. Localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, foi descoberto em 2011, é “local onde se encontraram muitos vestígios da cultura africana e até um cemitério. É um lugar emblemático (…) um lugar de encontro entre África e Brasil”, explicou a responsável da UNESCO.

O seu terceiro título, em 2021, foi a inclusão do jardim tropical do Sítio Burle Marx na lista de Património Mundial, uma zona com mais de 407.000 metros quadrados de área florestal que tem uma coleção de mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais.

Para Isabel de Paula, os três prémios que o Rio de Janeiro tem não foram “um presente, ou uma medalha”. “É muito mais que isso: é um compromisso e uma responsabilidade muito grande dos gestores e do país”, que têm de adotar as medidas para garantir a preservação e assegurar as características originais que resultaram nestes três prémios da UNESCO, considerou.

A urbe é “uma cidade grande, metrópole cosmopolita, em constante movimento, ela enfrenta muitos desafios”, sendo que a própria UNESCO considerou essas “contradições que existem na cidade”, que juntam natureza, área urbana, morros, ocupação urbana, etc.

“O que é importante é que exista uma gestão publica e uma atenção da sociedade e da comunidade para garantir que essas características que deram esses títulos sejam mantidas”, frisou.