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Museu Berardo celebra 15 anos

Escrito por em 24/06/2022

O Museu Coleção Berardo, em Lisboa, celebra no sábado 15 anos de existência com a inauguração de uma nova exposição, “Dos Pés à Cabeça”, após mais de 10 milhões de visitantes e 123 exposições realizadas, segundo dados desta entidade.

Contactada pela jornalista Ana Goulão, da Lusa, sobre o balanço dos visitantes nestes 15 anos de atividade, fonte da comunicação do museu indicou que o espaço museológico instalado no Centro Cultural de Belém (CCB), desde 2007, recebeu, até quinta-feira, 10.335.000 visitantes.

Das 123 exposições, nas temporárias, a artista Joana Vasconcelos, com “Rem Rede” (2010), lidera as mais visitadas, contabilizando 167.852 entradas, seguindo-se “O Enigma” (2016), que recebeu 157.040 visitantes, e “Quel Amour!?” (2018/2019), com 150.689 entradas.

Quanto às exposições permanentes, a “Coleção Berardo 1900-1960”, patente ao público entre junho de 2011 e março de 2020, foi a mais visitada até hoje, com 1.744.275 entradas, seguindo-se a mostra “Coleção Berardo 1960-2010”, com 1.528.468 visitantes, patente de novembro de 2011 a outubro de 2018.

Entre 2007 e maio de 2022, o serviço educativo organizou 31.856 atividades, que contaram com um total de 639.456 participantes, ainda segundo as estatísticas. Para celebrar o 15.º aniversário do Museu Coleção Berardo, vai ser inaugurada, no sábado, entre as 16:00 e as 19:00, a exposição “Dos Pés à Cabeça”, com curadoria de Cristina Gameiro, sustentada na representação do corpo nos diversos suportes artísticos.

Especialmente pensado para um público infantojuvenil, este projeto reúne obras de artistas modernos e contemporâneos, portugueses e estrangeiros, e inclui uma linha do tempo que acompanha a história da representação do corpo ao longo de várias épocas e culturas, assim como um espaço lúdico, com atividades para todas as idades.

Albuquerque Mendes, Álvaro Lapa, Ana Mendieta, Ângelo de Sousa, Caetano Dias, Eugène Leroy, Fernando Lemos, Georg Baselitz, Helena Almeida, James Rielly, Jean Dubuffet, Julio González, Keith Haring, Nan Goldin, Pauliana Valente Pimentel, Peter Blake e Robert Bechtle são alguns dos artistas representados na nova mostra.

Até ao final do ano, serão inauguradas ainda duas exposições no quadro da programação: “Debaixo da Pele”, do artista português Miguel Telles da Gama, que abre a 06 de julho, com curadoria de José Luís Porfírio, e, no último trimestre de 2022, uma exposição do artista brasileiro Luiz Zerbini.

Inaugurado em 25 de junho de 2007, o Museu Coleção Berardo foi criado na sequência de um acordo assinado em 2006 para cedência gratuita, ao Estado, por dez anos, de uma coleção com 862 obras de arte do colecionador e empresário José Berardo, avaliadas, na altura, em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s.

Em 2016, concluídos os 10 anos do acordo com o Estado para criar o Museu Coleção Berardo, foi assinada uma adenda entre as partes para prolongamento por mais seis anos, com a possibilidade de ser renovada automaticamente a partir de 2022, se não fosse denunciado por qualquer das partes, nos seis meses antes do fim do protocolo.

A coleção de arte ficou envolta em polémica depois de terem vindo a público as dívidas do empresário a três instituições bancárias – a CGD, o Novo Banco e o BCP – que pretendem apreendê-la como créditos para pagar uma dívida global de quase mil milhões de euros.

As obras foram judicialmente arrestadas em julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelos três bancos, e o CCB tornou-se, desde então, o seu fiel depositário. José Berardo, que preside à fundação em seu nome a título vitalício, foi detido em junho de 2021, tendo ficado indiciado de oito crimes de burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada, dois crimes de abuso de confiança qualificada e um crime de descaminho.

Acabou por ser sujeito a uma caução de cinco milhões de euros e a proibição de sair do país sem autorização do tribunal. No final de maio deste ano, o Governo anunciou que iria denunciar o protocolo assinado entre o Estado e o colecionador José Berardo, com efeitos a 01 de janeiro de 2023.

Na altura, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, indicou que a Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea – Coleção Berardo – constituída para a criação do museu, e presidida por José Berardo, será extinta, e iniciado um processo para a criação de um museu de arte contemporânea para reunir várias coleções, nomeadamente a Coleção Ellipse, iniciada em 2004 pelo banqueiro João Rendeiro (1952-2022), com cerca de 800 obras, e cuja compra está a ser equacionada pelo Estado.

O Governo também anunciou que, quando os tribunais tomarem uma decisão definitiva sobre a propriedade das obras da Coleção Berardo, o Estado irá negociar os termos de um novo acordo. Globalmente, na sequência do processo contencioso movido pelos bancos, foram arrestadas cerca de 2.200 obras de arte do colecionador José Berardo.

A coleção – que continua patente no museu, no CCB – reúne os desenvolvimentos artísticos no mundo ocidental, no decurso do século XX, e inclui, entre outras, obras de artistas conceituados como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Picasso, Chagall e Andy Warhol, além de artistas portugueses como Rui Chafes, José Pedro Croft, Jorge Molder e Fernanda Fragateiro.

Quando, em 2016, se deu a renegociação do acordo entre o Estado e o colecionador José Berardo, que prolongou a instalação do museu por mais seis anos, renováveis, as entradas, gratuitas desde a inauguração, em 2007, passaram a ser pagas desde 01 de maio de 2017, no contexto dos novos termos, mantendo o sábado como dia de entrada livre.

Desde 2009, e durante oito anos, o Museu Coleção Berardo figurou na lista dos 100 museus mais visitados do mundo, segundo as estatísticas do The Art Newspaper, publicação internacional especializada em arte contemporânea.

Juntar Coleções Ellipse e Berardo “é enorme mais-valia para o país” – diretora Museu Berardo

A diretora artística do Museu Coleção Berardo, em Lisboa, Rita Lougares, considera que receber a Coleção Ellipse naquele espaço “é uma enorme mais-valia para o museu e para o país”, porque se “complementam” na representação da História da Arte.

O Museu Coleção Berardo, instalado no Centro Cultural de Belém (CCB), celebra o 15.º aniversário no sábado, somando mais de 10 milhões de visitantes, 123 exposições temporárias e algumas polémicas.

Em entrevista à Lusa sobre o balanço dos 15 anos do museu, as atividades deste ano e as perspetivas de um futuro em transição, Rita Lougares fez um ponto da situação vivida na instituição que acolhe uma coleção privada, desde 2019 à guarda do Estado.

“Juntar as várias coleções é uma ideia que já se fala há uns anos. A Coleção Ellipse, do ponto de vista do valor, não é comparável à Coleção Berardo, muito mais valiosa, [mas] do ponto de vista artístico, as duas complementam-se”, considera a historiadora de arte e curadora.

Enquanto a Coleção Berardo “é muito forte até ao final do século XX”, a Ellipse abrange a primeira década do século XXI. “As duas, juntas, são uma enorme mais-valia para um futuro museu de arte moderna e contemporânea, e para o país”, considerou à Lusa Rita Lougares, que tem acompanhado a coleção Berardo desde os anos de 1990, e é diretora do museu desde 2017.

A junção das duas coleções foi anunciada em maio pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, na mesma altura em que revelou a denúncia do contrato entre ambas as partes, em vigor até ao final de dezembro, optando pela não renovação.

Pedro Adão e Silva anunciou ainda que a Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea – Coleção Berardo – constituída para a criação do museu, e presidida por José Berardo, será extinta, e aberto um processo para a criação de um museu de arte contemporânea para reunir várias coleções, nomeadamente a Coleção Ellipse.

A Coleção Ellipse, iniciada em 2004 pelo empresário João Rendeiro (1952-2022), com cerca de 800 obras de arte, foi arrestada após a falência do Banco Privado Português (BPP), e avaliada recentemente por uma comissão designada pelo Ministério da Cultura, encontrando-se em análise para aquisição pelo Estado.

Entre as obras da coleção estão representados artistas portugueses e estrangeiros como Pedro Cabrita Reis, David Claerbout, Nick Oberthaler, Rodney Graham, João Onofre, Steven Shearer, Julião Sarmento, Dash Snow, Hiroshi Sugimoto, Tatjana Doll, Sophie Calle, Glenn Ligon, Mona Hatoum, Catherine Opie, Gonzalo Puch, Wolfgang Tillmans, Júlia Ventura, Kiluanji Kia Henda, José Iraola e a dupla João Maria Gusmão e Pedro Paiva.

Inaugurado em 25 de junho de 2007, o Museu Coleção Berardo foi criado na sequência de um acordo assinado em 2006 para cedência gratuita, ao Estado, por dez anos, de uma coleção com 862 obras de arte do colecionador e empresário José Berardo, avaliadas, na altura, em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s.

Em 2016, concluídos os 10 anos do acordo com o Estado para criar o Museu Coleção Berardo, foi assinada uma adenda entre as partes para prolongamento por mais seis anos, com a possibilidade de ser renovada automaticamente a partir de 2022, se não fosse denunciado por qualquer das partes nos seis meses antes do fim do protocolo.

Rita Lougares, que entrou como conservadora em 1993 no CCB, quando abriu o centro de exposições, tem acompanhado a coleção Berardo desde o seu depósito, em 1997, nomeadamente na realização de uma grande exposição no ano 2000.

A coleção reúne os desenvolvimentos artísticos no mundo ocidental, no decurso do século XX, e inclui, entre outras obras, de artistas estrangeiros de renome como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Chagall, Picasso e Andy Warhol, e de portugueses como Rui Chafes, Fernanda Fragateiro e Julião Sarmento.

O Governo, através do Ministério da Cultura, optou pela denúncia do acordo, num contexto que tem nos tribunais um processo de três bancos a correr contra o colecionador Berardo, por dívidas que ascendem a quase mil milhões de euros.

O ministro da Cultura anunciou igualmente que, quando os tribunais tomarem uma decisão definitiva sobre a propriedade das obras da Coleção Berardo, o Estado irá negociar os termos de um novo acordo.

Depois da saída do historiador de arte e curador Pedro Lapa, sucessor do primeiro diretor do museu, Jean-François Chougnet, foi a vez de Rita Lougares ser convidada por Berardo a assumir a direção artística.

Desde 2007 que “o público nacional tem a oportunidade de ter aqui, em permanência, uma coleção fundamental para a compreensão de todo o modernismo e a História da Arte do século XX”, comentou a curadora à Lusa.

O balanço de 15 anos do museu é, no entender da diretora, “muito positivo”, porque “a coleção é fantástica” e o “’feedback’ dos visitantes excelente”. Recordou as 123 exposições temporárias realizadas ao longo dos 15 anos, “que vieram complementar e enriquecer o trabalho que foi feito sobre a coleção” Berardo.

Questionada pela Lusa sobre como está a ser preparada a temporada de exposições do Museu Berardo para 2023, Rita Lougares respondeu: “Tenho várias propostas interessantes em cima da mesa, mas está tudo em ‘stand-by’. Não assumi compromissos com as pessoas, porque o acordo de comodato poderia não ser renovado” este ano.

“Não está nada fechado”, disse, sobre exposições temporárias previstas para o próximo ano, dada a situação em curso. “Presumo que será o CCB a gerir este espaço”, acrescentou a curadora, recordando que, “logo no dia seguinte ao anúncio do ministro da Cultura [Pedro Adão e Silva, que iria denunciar o protocolo assinado entre o Estado e o colecionador José Berardo, com efeitos a 01 de janeiro de 2023], o presidente do CCB [Elísio Summavíelle] assegurou que contava com todas as pessoas, e que será negociada a entrada” para o centro cultural.

Rita Lougares disse que era uma “preocupação” a situação laboral da equipa, “mas o presidente do CCB falou com toda a gente de uma forma amigável”. Sobre o futuro da direção do museu, porém, a diretora indicou: “Ainda não me foi dito nada. É tudo muito recente”.

Quando à equipa, de 26 pessoas, refere: “É uma equipa pequena, mas muito profissional, que tem dado tudo. Estamos a falar num museu com nove mil metros quadrados, e tem sido um esforço muito grande no trabalho da exposição permanente, constantemente retificada e remodelada”.

O orçamento disponível oscilou ao longo dos anos, e houve cortes a que o museu se teve de adaptar, nomeadamente na crise de 2011, com o corte feito pelo Governo aos orçamentos de várias fundações do país.

No entanto, as entradas – gratuitas desde 2007 – passaram a ser pagas, a partir de maio de 2017, quando passou a vigorar a adenda ao acordo entre o Estado e o colecionador Berardo, e o Governo introduziu essa nova exigência no contrato.

“O valor das entradas reverteu totalmente para a programação do museu”, recordou a diretora, acrescentando que, embora a afluência de público tenha sido muito elevada ao longo dos anos, ultrapassando um milhão de entradas por duas vezes, sofreu uma quebra de 80% durante a pandemia.

A diretora do Museu Berardo revelou ainda à Lusa que está a ser preparado um catálogo de 900 páginas dedicado à coleção – atualmente com mais de mil obras – que será lançado em outubro deste ano, com uma seleção das peças mais importantes, organizado cronologicamente, por movimentos da História da Arte.

Ainda para este ano serão inauguradas duas exposições, integradas na atual temporada, uma do artista português Miguel Telles da Gama, intitulada “Debaixo da Pele”, para 06 de julho, e outra, para o último trimestre do ano, do artista brasileiro Luiz Zerbini.

Para celebrar os 15 anos de vida, o Museu Berardo vai inaugurar no sábado, às 16:00, a exposição “Dos Pés à Cabeça”, sobre a representação do corpo humano em vários suportes artísticos, com curadoria de Cristina Gameiro.

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