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Bienal de Veneza: Pavilhão de Portugal recebeu 5.000 visitantes

Escrito por em 03/05/2022

Cerca de 5.000 visitantes entraram no Pavilhão de Portugal na primeira semana da 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, em Itália.

A mostra de arte contemporânea abriu ao público a 23 de abril com 80 representações nacionais, além da exposição geral da bienal, este ano sob o título “The Milk of Dreams” (“O Leite dos Sonhos”, em tradução livre), com curadoria de Cecilia Alemani.

O projeto expositivo da representação portuguesa intitula-se “Vampires in Space”, criado por Pedro Neves Marques, tem curadoria de João Mourão e Luís Silva, instalado no Palácio Franchetti, em San Marco, e recebeu 4.968 visitantes entre o dia 19 de abril e 30 de abril, disse fonte da DGArtes contactada pela jornalista Ana Goulão, da Lusa.

Assumindo a forma de exposição narrativa, o projeto expositivo, que através de um filme, de poesia e de uma cenografia imersiva, transforma o segundo piso do palácio numa nave espacial habitada por vampiros, que, “na sua longa viagem pelo espaço, vão confrontar os visitantes com questões-chave do nosso tempo”, nomeadamente os processos identitários, a sexualidade e reprodução ‘queer’, a ecologia, o ‘transumanismo’ e a biopolítica, segundo a sinopse.

Este trabalho foi criado por Pedro Neves Marques em resposta ao tema da edição deste ano da Bienal, lançado pela curadora-geral Cecilia Alemani, que aborda o mundo repensado através da imaginação, a mudança, a transformação, as simbioses entre todos os seres vivos e a natureza, bem como as suas metamorfoses.

O Leão de Ouro para a melhor representação nacional desta bienal foi entregue ao Pavilhão do Reino Unido, criado pela artista britânica Sonia Boyce. Houve menções especiais para os pavilhões nacionais de França e do Uganda, e a melhor participação na exposição principal foi ganha pela escultora norte-americana Simone Leigh, enquanto o artista Ali Cherri (Líbano) levou o Leão de Prata para jovem participante.

No quadro do conceito das metamorfoses, Cecilia Alemani escolheu a pintora portuguesa Paula Rego como uma das âncoras da exposição geral, reunindo numa sala azul do Pavilhão Central, nos Giardini, obras em pintura, gravuras e esculturas.

Em entrevista à Lusa, uma semana antes da inauguração, a curadora considerou Paula Rego uma “artista completa” que “só agora está a ter o devido reconhecimento”. Paula Rego “é alguém que, ao longo de cinco décadas, tem dedicado o seu trabalho a temas e ideias muito fortes, a aspetos das nossas sociedades que foram obscurecidos e ignorados, cancelados, censurados, desde questões políticas, de género, liberdade de expressão, direitos das mulheres. São temas que aborda de forma muito direta e original”, salientou Cecilia Alemani sobre a artista de 87 anos, nascida em Lisboa e residente no Reino Unido.

Além de Pedro Neves Marques e de Paula Rego, outros artistas portugueses estarão a apresentar o seu trabalho no contexto da Bienal de Arte de Veneza, nomeadamente o artista plástico Pedro Cabrita Reis, com a obra “Field”, especialmente concebida para a Igreja di San Fatin.

Por seu turno, Diana Policarpo mostra a maior instalação que criou até hoje – intitulada “The Soul Expanding Ocean #4”, sobre o tema dos oceanos – que estará patente até outubro no Ocean Space, também em Veneza, resultado de uma coprodução do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian e da TBA21-Academy, em parceria com o Instituto Gulbenkian Ciência.

Este trabalho imersivo de Diana Policarpo é apresentado no âmbito de um ciclo curatorial de dois anos intitulado “The Soul Expanding Ocean”, com curadoria de Chus Martínez. A artista Mónica de Miranda também tem patente em Veneza, uma exposição intitulada “No longer with the memory but with its future”, com novo conjunto de obras.

Com curadoria da arquiteta angolana Paula Nascimento, e resultado de uma iniciativa da associação italiana Nuova Icona e do coletivo Beyond Entropy Africa, o projeto também conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Esta bienal de arte acontece após o ultrapassar de dificuldades de organização num quadro de pandemia, e em contexto de tensão devido à invasão da Ucrânia pela Rússia. A Ucrânia tem o seu pavilhão nacional e uma praça com uma instalação para acolher manifestações de apoio e de solidariedade dos artistas e do público, enquanto os artistas e curadores do Pavilhão da Rússia desistiram de participar como forma de protesto contra a guerra.