LINKERS
Written by Filipa Matos on 21/02/2021
Olhamos para a tecnologia com a esperança que nos ajude a sermos cada vez mais nós próprios, mas é a tecnologia que cada vez mais redesenha a forma como pensamos e sentimos.
Partilho, logo existo.
Partilho, logo não estou só.
É na vulnerabilidade e no silêncio que melhor nos conhecemos. Nas pausas dos discursos não editáveis que reside a essência do eu. “No silêncio entre as notas”, como dizia o Jobim.
Se nos entretermos como robots sociais, de cada vez que nos sentirmos sozinhos, não estaremos mais do que a fugir de nós mesmos.
Da solidão do que pensamos.
E do medo do que sentimos.
Deixaremos uma marca? Uma impressão rápida e fugaz? Um logótipo ou insígnia fugitivos?
Pela consciência da nossa vulnerabilidade e solidão abdicamos da liberdade para ficarmos presos a uma história que vincule a nossa existência.
Mas provavelmente não será a pior coisa.
Imaginar a identidade como uma edição de cartas que escrevemos à janela embaciada de um comboio que partiu há muito para se perder de vista.
“Phony people come to pray/
Look at all of them beg to stay”
(Filipa, 21.2.2021)