Entrevista: Amaura “super contente” com novo disco (e vídeo)

Amaura edita em 2019 “EmContraste”, álbum de estreia a solo que inclui os singles “Blues Do Tinto”, “Coopero”, “Surfista Da Banheira” e “Dança”. Já em 2020 lança os singles “Terabyte” e “Saber Viver” (com Tayob J.) e em novembro o EP “Denso”, com três temas – “Pedro E O Lobo”, “Saber Quem Sou” e “Duplo”. Após o concerto no Centro Cultural do Morgado, em Arruda dos Vinhos, Amaura explicou à TunetRádio que o vídeo musical que acompanha este novo trabalho foi realizado como se fosse uma curta, para ser vista “em contínuo”.

“Como o título do disco diz, eu gosto de muita coisa e sou muita coisa. De resto como todos nós. Então quis fazer uma coisa diferente, dentro da temática jazz e do trip hop, tal como o nome diz, é mais denso. E estou super contente porque é o primeiro trabalho em que fiz tudo de raiz. Tudo o que está lá veio da mão do baixista, etc., e isso é uma daquelas coisas que vou contar aos bisnetos. Mesmo que não chegue a lado nenhum, vou estar sempre «ouviste?»”, revela com natural emoção.

No que diz respeito ao vídeo, Amaura tinha por hábito descurar um pouco a componente multimédia “por ser uma pessoa mais na sua”, mas que “sentiu necessidade e, sobretudo, fizeram-lhe ver a necessidade” de dar atenção aos vídeos musicais. “Quando começas a fazer, fazes um, fazes dois, fazes três… começas a ganhar gosto, depois gostas de te ver bonita, depois começa a mexer contigo, e então incluí a banda, que é uma coisa que também faz sentir segura, porque é tipo família, e acho que estamos todos muito bonitinhos”, afirma.

A artista está a trabalhar para apresentar “Denso” ao vivo num formato que “destaque mesmo isso, no qual se sente uma quebra de uma coisa para a outra. Ou seja, começar de uma forma mais densa e terminar mais alegre”.

Na pós-pandemia, Amaura – nome de ‘guerra’ da artista Maura Magarinhos – trata todo o público como um “super presente”. E a atuação em Arruda dos Vinhos (para ela e para o público, consideramos nós…) foi um “super presente”.

Quando tudo foi abaixo, por causa da pandemia, as pessoas “ganharam um bocadinho de tempo extra para fazer outras coisas. E se és um consumidor de música muito assíduo consegues tirar tempo para ouvir um disco do princípio ao fim uma vez que prescindes de outras coisas. Anteriormente eram poucas as pessoas que o conseguiam fazer. O que resultou num preenchimento de tempo onde eu saí a ganhar”, afiança.

Segundo a cantora, quem conhecia foi procurar mais e quem já ouvia “fidelizou”. A rádio “passou muito”, a imprensa é “sempre ultra querida” em relação ao seu trabalho. “Mesmo quando me chamam a atenção para algumas coisinhas é sempre de uma forma super docinha e então não tenho mesmo nada que me queixar. Quando me queixo é porque estou mesmo num daqueles dias muito maus”, brinca.

Amaura diz que estamos perante um formato que se faz muito lá fora. “Como sou muito defensora do português, e do que é nosso, porque não fazê-lo cá? Tenho sido bem recebida, por isso acho que o formato resulta bem”.

Paradoxalmente Amaura afirma ser “um bocado tímida, apesar de gostar imenso de falar e de estar em palco. Fico um pouco ‘na minha’ e creio que vem daí o gosto pela escrita. Os ‘lives’ nunca foram bem a minha cena, mas agora já não sei se não é…”.

“O povo português consome todo o tipo de música, inclusive o soul, o r&b, o eletrosoul – as vertentes todas do hip hop, que é super rico -, mas eu sentia aquela lacuna… na altura escrevia em inglês e aquilo soava-me a réplicas, ou não era bem o que queria dizer… nem como queria que fosse ouvido. E então comecei a trabalhar com música e a perceber qual seria o meu caminho. Agora que já reuni as ferramentas e que já sei algumas coisas de palco, decidi apostar nisto. Tive a sorte de encontrar o Daniel (Freitas, TNT) e de lhe mostrar os meus esboços. Atualmente, tudo o que fazemos é como eu gosto, tudo orgânico”, garante a artista.

A TunetRádio deseja as maiores felicidades a Amaura, a qual conta rever ao vivo ainda em 2020 ou, pelo menos, ao longo de 2021.