Lalique volta a brilhar no Museu Gulbenkian
Escrito por TunetRádio em 28/10/2020
Três décadas depois da última exposição de René Lalique, a obra do mestre em vidro volta a brilhar a partir de quinta-feira no Museu Gulbenkian, em Lisboa, com uma centena de peças da coleção, e outras de particulares.
“René Lalique e a idade do Vidro. Arte e Indústria” dá título a esta mostra que a Fundação Calouste Gulbenkian inaugura na quinta-feira e permanece até 1 de fevereiro de 2021, reunindo diversas criações em vidro do artista, entre joias, peças decorativas e objetos de uso quotidiano, de acordo com um comunicado da entidade.
Da própria Coleção Gulbenkian estará patente uma centena destas peças em vidro ou com componentes em vidro, e também obras do Museu Lalique, de Wingen-sur-Moder, em França, bem como de outras oriundas de coleções particulares no mundo, onde René Lalique (1860-1945) está representado.
A coleção de obras de Lalique do Museu Gulbenkian remonta à década de 1890, altura em que Calouste Gulbenkian e o artista se conheceram, dando origem a uma amizade que durou meio século, e levou o colecionador a adquirir, entre 1899 e 1927, a quase totalidade das obras diretamente ao artista.
Com curadoria de Luísa Sampaio, a exposição percorre todos os grandes momentos da carreira do artista, desde a fase de produção artesanal, como joalheiro, no período Arte Nova, até à altura em que assumiu o papel de industrial-criador, e passou a dedicar-se exclusivamente ao vidro.
O percurso é cronologicamente ancorado em dois momentos-chave da arte do século XX: a Exposição Universal de 1900, e a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925, ambas em Paris.
“A participação de Lalique nesta última exposição veio a confirmar a importância do seu contributo para a arte do vidro e também o papel que assumiu na realização de objetos em vidro produzidos em escala industrial no período Art Déco”, recorda a Gulbenkian num texto sobre a nova mostra, em Lisboa.
Após a instalação da sua fábrica de Wingen-sur-Moder, na Alsácia, em 1922, e movido pela ideia de “arte social”, Lalique deu seguimento à diversificação da sua produção vidreira, orientada também para a aplicação do vidro na arquitetura e no design.
A atividade do artista na década de 1930 ficou marcada por um conjunto de encomendas, como a decoração do luxuoso comboio Côte d’Azur Pullman Express, da companhia de caminhos-de-ferro Wagons-Lits, e do maior paquete do mundo, na época, o Normandie, propriedade da Compagnie Général Transatlantique.
Esta exposição irá coincidir com o encerramento temporário da sala dedicada a Lalique do Museu Calouste Gulbenkian, para uma intervenção de requalificação, que se prolongará até ao início de 2021, indica ainda a fundação.