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Cristóvam: «Poucos órgãos de comunicação social portugueses me deram importância»

Escrito por em 28/05/2019

O mês de maio esteve ao rubro para o músico açoriano Cristóvam.

Flávio Cristóvam esteve em Lisboa, no passado dia 25, para uma atuação no Microsons.

Depois de atuar na Gala do Desporto na Angra do Heroísmo, no dia 14 de maio, o cantautor ainda voou até Cannes, para a sua exibição de dia 16 de maio a bordo de um luxuoso iate, para dar a conhecer a sua música a alguns dos nomes mais influentes do mundo do cinema. Flávio Cristóvam fez parte do alinhamento numa demonstração musical para produtores e realizadores em frente ao Palais des Festivals, num evento extra.

Será que as suas músicas virão a ser consideradas como parte integrante de uma banda sonora? Ainda não sabemos mas aproveitámos a vinda do jovem a Lisboa para o conhecermos melhor.

Cristóvam, nascido na ilha Terceira, desde cedo quis fazer música, fazer parte desse mundo e sempre pensou em além fronteiras.

Daí ter concorrido ao famoso e muito exigente International Songwriting Competition, com o tema ‘Faith & Wine’. De entre mais de 1600 músicas e com um painel de jurados onde figuraram nomes como Tom Waits e Grant Lee Phillips, Cristóvam ganhou o primeiro lugar no concurso na categoria de Melhor Artista Sem Contrato Discográfico – um feito inédito.

Antes, já em 2015, inicia-se o processo de gravação do disco de estreia, “Hopes & Dreams”, nos estúdios Namouche. No entretanto, temas de Cristóvam chegam até ao realizador Pedro Varela que logo inclui o tema ‘Bruning Memories’ no filme a Canção de Lisboa. Campanhas publicitárias seguem-se no curriculum. Em Setembro de 2018 sai “Hopes & Dreams” de onde também já se ouve o single ‘Red Lights’, disponível mais abaixo.

Daniela Azevedo – Teres vencido o International Songwriting Competition com o tema ‘Faith & Wine’ na categoria de Melhor Artista Sem contrato Discográfico foi o que mudou o rumo da tua vida?
Cristóvam – Não iria tão longe. Diria que funcionou mais como uma espécie de grande incentivo e um sinal de que estava a trabalhar no rumo correto. Para ser sincero, muito poucos órgãos de comunicação social portugueses deram qualquer tipo de importância ou relevo a esse feito, embora tenha sido a primeira vez que um português o tenha conseguido e o júri tenha tido nomes como Tom Waits ou Grant Lee Phillips.

DA – “Hopes & Dreams” é o primeiro álbum. De que nos fala?
Cristóvam – É um disco que apanha muita coisa do ponto de vista emocional, um período com muitos altos e baixos na minha vida, a entrada na vida adulta, na altura em que a minha família passa por alguns acontecimentos difíceis e em que ao mesmo tempo nasce a minha irmã. É ela que está na capa do disco e quem acaba por nos fazer lembrar as coisas que verdadeiramente importam. É sobre ter esperança no meio da confusão e agarrarmo-nos ao que é verdadeiramente importante, fora do materialismo e fora de tudo aquilo a que nos agarramos de forma errada no dia a dia.

DA – O videoclipe de ‘Red Lights’ foi gravado em Amesterdão? Porquê?
Cristóvam – Sim. A própria canção foi escrita em Amesterdão aquando da minha primeira visita e é como que uma carta de amor à cidade, que se tornou na minha cidade preferida.
Queria um video que captasse essa magia que me encantou e que me fez escrever a canção e foi aí que decidi convidar o meu amigo e realizador Diogo Rola para me acompanhar nesta jornada.

DA – Até onde gostarias de chegar?
Cristóvam – Gostaria de ter uma carreira profissional com longevidade. Acho que esse é o maior desafio nos dias que correm e acho que é algo que só se consegue com muito trabalho. Não tenho objetivos megalómanos, como tocar em estádios ou coisas do género. Nem penso em ser um artista de massas. Gostava de ter uma carreira consolidada que me permitisse ter pessoas a seguir a minha música um pouco por todo o lado, que tanto vão a um espetáculo meu este ano, como daqui a 10 anos. Quando acompanhei o Stu Larsen na sua tour europeia, vi a ilustração perfeita disto. Um músico que a grande maioria das pessoas não sabe quem é, mas que enche salas com 250/350 pessoas em quase todos os países da Europa e que está a fazê-lo há mais de 10 anos seguidos. As pessoas são fieis à música dele e regressam sempre. Isso é bonito.

DA – As canções que nos deste a conhecer podem enquadrar-se em vários géneros musicais. Pretendes seguir algum em específico?
Cristóvam – Não sou um grande fã de rótulos, mas penso que a génese de todas as minhas canções será sempre o folk, apesar de às vezes divagar por outras influências na fase de produção, vem sempre daí, da guitarra acústica e da voz. As minhas maiores referências estão todas ligadas ao folk, nas suas mais variadas vertentes e penso que é por aí que vou andar.